A audiência de conciliação entre os Correios e as entidades sindicais, realizada no Tribunal Superior do Trabalho (TST), terminou sem acordo. Diante do impasse, o ministro mediador decidiu remarcar a continuidade da mediação para esta terça-feira, 16 de dezembro, às 11 horas, mantendo abertas as negociações sobre o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2025/2026.
O cenário confirma aquilo que a categoria já sente na pele: a negociação segue travada, sem avanço concreto capaz de garantir a preservação dos direitos históricos dos trabalhadores.
Tentativa de retomada das negociações
Durante a audiência, foi apresentada uma proposta de retomada das negociações, também prevista para amanhã, às 11h. Segundo as informações repassadas, o ministro Caputo informou que está em contato com a Casa Civil e outros ministérios envolvidos, na tentativa de construir uma proposta que permita algum nível de acordo.
Entretanto, conforme relatado pelas entidades sindicais, a empresa manteve posições rígidas e não apresentou avanços concretos nos principais pontos reivindicados pela categoria. A negociação permanece travada porque a direção dos Correios insiste em medidas que representam retirada de direitos, sem sinalizar contrapartidas reais.
Na prática, isso mostra que a mesa de negociação ultrapassou os limites da empresa e passou a depender diretamente de decisões políticas do governo federal. Quando o problema sobe tanto assim, é sinal claro de que a situação é grave.
O que a empresa propôs na mediação
Durante a audiência no TST, a direção dos Correios apresentou uma contraproposta considerada mais dura do que as discussões anteriores, aprofundando o impasse.
- Reajuste salarial e vale-alimentação: suspensão da discussão por 90 dias, sem reajuste imediato. Qualquer reposição futura ficaria limitada e sem garantia de ganho real;
- Gratificação de férias: manutenção do percentual de 70% apenas até dezembro de 2025, com redução automática para 33% (mínimo legal) a partir de 2026;
- Adicional de repouso semanal: redução do percentual de 200% para 100% após dezembro de 2025;
- Controle de ponto por exceção: retirada da cláusula, com retorno ao modelo tradicional de controle.
Para as entidades sindicais, trata-se de uma proposta que retira direitos históricos e transfere o custo da crise da empresa diretamente para os trabalhadores.
Pressão dos mediadores e alertas institucionais
Durante a sessão de conciliação, houve forte pressão dos mediadores para que as partes buscassem um acordo. O Ministério Público do Trabalho (MPT) afirmou que os Correios atravessam dificuldades financeiras e que a empresa depende de empréstimos, condicionados a cortes de despesas.
Foi feito um alerta explícito: sem acordo, o caminho tende a ser o dissídio coletivo, no qual o Tribunal pode limitar direitos ao mínimo previsto na CLT, com reajuste restrito ao INPC, sem qualquer ganho real.
Essa sinalização aumenta a responsabilidade das partes, mas também evidencia o risco de se usar o dissídio como instrumento de imposição de perdas à categoria.
Reação sindical: rejeição e alerta à categoria
A reação das entidades sindicais foi imediata e firme. A FINDECT e os sindicatos filiados rejeitaram a contraproposta da empresa, classificando-a como rebaixadora e inaceitável.
- A categoria já acumula perdas salariais significativas;
- A redução da gratificação de férias e do adicional de repouso representa retrocesso grave;
- Não há ambiente político nem sindical para aprovação dessa proposta em assembleia;
- A insistência da empresa pode levar à ampliação da mobilização e à deflagração de greve.
Encaminhamentos definidos na audiência
- Renovação do ACT por dois anos para as cláusulas sociais, garantindo a manutenção dos direitos não econômicos enquanto a negociação segue;
- Suspensão da discussão das cláusulas econômicas por 90 dias, preservando a data-base;
- Envio das cláusulas do adicional de repouso semanal e do controle de ponto para a Mesa Nacional de Negociação Permanente, mantendo o texto atual até conclusão das discussões.
Decisão do TST mantém mediação aberta
Por decisão do ministro responsável pela mediação no Tribunal Superior do Trabalho (TST), a sessão de conciliação foi oficialmente remarcada, reforçando que o processo ainda não foi encerrado, mas também que não houve consenso até o momento.
As negociações seguem acompanhadas de perto pela FINDECT e FENTECT, que reafirmaram o compromisso de manter a categoria informada sobre qualquer novo encaminhamento ou eventual proposta apresentada após a retomada da mediação.
O presidente do SINTECT-SP, Elias Diviza, destacou que as entidades sindicais continuam atentas e mobilizadas diante do impasse:
“As negociações seguem sem acordo. A mediação foi remarcada e os sindicatos permanecem acompanhando cada passo, informando a categoria sobre qualquer avanço ou proposta.”
O que está em jogo no ACT 2025/2026
- Salários e reajustes;
- Benefícios sociais;
- Condições de trabalho;
- Garantias históricas da categoria;
- Proteção contra retrocessos e retirada de direitos.
Cada rodada sem acordo aumenta a tensão e acende o alerta para possíveis ataques aos direitos conquistados ao longo de décadas de luta.
Atenção máxima da categoria
A remarcação da mediação para o dia 16 de dezembro, às 11h, mostra que o jogo ainda está sendo disputado — mas ninguém pode ficar na arquibancada.
A história dos Correios ensina: quando o trabalhador baixa a guarda, o retrocesso avança.
Agora é hora de atenção redobrada, unidade sindical e disposição para lutar. O ACT 2025/2026 não será fruto de boa vontade, mas de pressão organizada. Como sempre foi. Como sempre terá que ser.
Porque direito não se pede favor. Direito se defende.
✍️ Por Junior Solid
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