O direito dos trabalhadores e os sindicatos brasileiros não surgiram da luta de classes.



Diante de tantos ataques aos direitos dos trabalhadores (as) a inércia pela grande maioria da população nos leva a algumas reflexões.


O surgimento  dos sindicatos e a construção dos direitos trabalhistas no Brasil. 


A consolidação dos direitos dos trabalhadores (as) brasileiros se deu de maneira diferente da Europa.  Lá a cruel realidade da exploração capitalista, reflexo da  revolução industrial, chegou ao seu ápice,  gerando a necessidade de organização e luta  por  direitos e  pela dignidade. No Brasil , no entanto, que ainda vivia uma realidade bem distante disto, por estas bandas, os sindicatos e direitos dos trabalhadores não vieram diretamente da luta contra a exploração. A priori o governo deu o aval “limitado” para a criação dos sindicatos, que assim os controlava, indiretamente, diferente da atualidade, que as entidades detêm autonomia administrativa, política e financeira.

O fato dos trabalhadores brasileiros não ter chegado ao fundo do poço, no quesito ataques e exploração, deu um toque diferenciado na luta de classe no Brasil. Quem luta por seus direitos sempre é visto com maus olhos pelo dito “senso comum”. Não são atoa as inúmeras publicações discriminatórias em dias de greve, sempre taxados de vagabundos e desocupados. Este é a ideia  sobre aqueles que procuram se rebelar contra as coisas erradas que acontecem no país. A pecha acaba corroborando para a pouca participação, e aumenta o ciclo de corrupção,


A espera por um herói


Política é um dos temas  que o senso comum  diz que não devemos debater. Não é difícil encontrar a rejeição ao termo “debate”.  Para alguns, erroneamente, pensam que significa brigar. Desta maneira, com este argumento afasta as pessoas de temas importantes.  O termo ”lutar”, então, nem se fala! Claro que esta discriminação tem resquício da ditadura militar, onde o conflito foi árduo e a resistência custou  a vida de milhares de pessoas.

O costume de esperar que os políticos ou representantes  façam aquilo que  todos anseiam, como se fosse a obrigação, não tem surtido resultado positivo para a sociedade. O brasileiro tem mania de criar “heróis” para resolver todos os seus problemas. Um tipo de Chapolim colorado, eu acho! O fato é que a falta de monitoramento deixa a grande maioria dos políticos a vontade, mesmo que traindo os interesses da população.

Não é diferente nas representações locais, seja sindicato ou associações de qualquer espécie, sempre um grupo minoritário decide os rumos do coletivo. Poucos acompanham de fato o que acontece nas suas instituições.  Apesar de estas entidades se reunirem razoavelmente pouco, a adesão sempre fica a desejar.

Mecanismos do sistema  para dificultar a participação do trabalhador/eleitor.


O conceito de que o “trabalho” é a mola do mundo, implementado geralmente  de modo  penoso,  afasta um grande leque de trabalhadores, que exaustos não se sentem em condições de participar de debates. A lógica é que quanto mais o trabalhador estiver cansado para obter suas condições básicas de sobrevivência, dificilmente terá o tempo pra pensar em política, por exemplo!

As dificuldades do sistema, como transporte público inócuo, localidades distantes, tudo isto, exaure ao interesse do trabalhador em participar. A média brasileira é que o trabalhador gaste três horas ou mais no transporte público.

Com isso, o que a maioria dos trabalhadores deseja, após um dia de trabalho, é chegar em casa, tomar banho, e assistir o seu jornal preferido (outro grave problema).

O problema da comunicação de massa para o trabalhador brasileiro.


Sabemos que o  meios de comunicação são minas de dinheiro. Logo, servem a interesses.  Quase sempre o que é publicado não é a “verdade real”, mas a verdade de quem “pagou ou mantem o canal de comunicação”. Desta maneira,  nem todos conseguem ver  o jogo e os interesses por detrás das telas de TV. Por outro lado, as mídias alternativas ainda não alcançam parcela significativa da sociedade, prejudicando um debate crítico das informações que circulam, principalmente para os mais pobres.

Os sindicatos são vistos como inimigos.


Os sindicatos, ao longo da história, conseguiram autonomia administrativa, financeira e política, atuando com mais liberdade, porém ainda são muito discriminados. O que é uma incoerência, já que deveria ser um orgulho para o trabalhador.

O que se vê é um trabalho de desmoralização e descrédito para com as entidades. O senso comum é que sindicalista não trabalha. Até porque para o patronato “questionar é coisa de vagabundo”.  A independência  financeira e política tão almejada pelas entidades são alvo de ataques, pois contribuir para o sindicato é considerado um peso. Não é atoa que o imposto sindical é atacado.

Na verdade, esta desmoralização é feita por aqueles que se sentem ameaçados pelos sindicatos. Enfraquecer os sindicatos é enfraquecer a luta pelos direitos. Um sindicato forte, isto inclui as finanças, é ter mais condições de defender e obter mais direitos.  Não podemos esperar que os patrões  patrocinem a luta contra eles mesmo. O sindicato é do trabalhador (a).

Logo, são muitas reflexões que podem ser feitas quanto a condição da inércia da sociedade quanto a defesa de seus direitos, e muitos são os desafios a ser superados pela classe trabalhadora.

Cabe destacar, que além de monitorar, a participação dos interessados  motiva o grupo e incentiva projetos melhores. É  a antiga ideia:” duas cabeças pensam melhor que uma”. Participe!

A reforma da previdência e a trabalhista significam um grande retrocesso aos direitos dos trabalhadores (as) e a dignidade humana. Nos Correios não é diferente!  a retirada de direitos está a todo vapor!  A bola da vez é o plano de saúde.  É preciso reavaliar conceitos e sair da inércia.

Participar, elaborar estratégia, buscar  informação, e principalmente,  a união de todos os ecetistas!  Juntos somos mais fortes. 

Por nenhum direito a menos! Diga não a reforma trabalhista e previdenciária!

Suzy Cristiny da Costa
Secretária de imprensa da Fentect 
Secretária de Assuntos jurídicos do SINTECT ACRE
Representante do MOVIMENTO SINDICAL DE BASE/Bloco atuação sindical. 
Formanda em Direito pela UFAC.
Colunista do Blog Mundo Sindical Correios -  Todas às Quarta-feira

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