Correios podem parar: estatal pressiona governo por recursos para sair da crise
A direção dos Correios enviou um alerta ao governo federal: sem recursos emergenciais, a empresa pode travar. Após anunciar medidas como PDV, fechamento de agências e corte de salários, a estatal enfrenta um dos piores momentos de sua história recente. A situação reacendeu o debate sobre o papel do Estado na crise da empresa e cobrou luz sobre uma dívida antiga de mais de R$ 6 bilhões que o governo federal jamais devolveu à estatal.
Nos bastidores, há forte tensão com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), que tem pressionado pela demissão de até 10 mil trabalhadores como forma de “ajuste”. A proposta revoltou sindicatos e parte da base aliada.
A origem da crise: política, omissão e o rastro da privatização
A crise financeira da empresa tem raízes profundas. Um dos gatilhos principais foi a herança deixada pelo governo Bolsonaro, que tentou avançar a qualquer custo com a privatização da estatal. Durante esse período, a empresa sofreu com sucateamento proposital, congelamento de concursos públicos, desmonte de setores estratégicos e desconfiança generalizada do mercado.
Enquanto isso, os investimentos minguaram e a capacidade operacional foi deteriorando. Quando o plano de privatização não avançou, restou à atual gestão lidar com uma estrutura fragilizada e altamente exposta à concorrência privada.
Rombo bilionário e medidas duras
Em 2024, os Correios fecharam o ano com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, segundo balanço oficial. Para 2025, a estimativa é que o déficit alcance até R$ 3,2 bilhões, impulsionado pela queda nas encomendas internacionais (agravada pela taxação de plataformas estrangeiras) e pelo aumento das despesas operacionais, como salários e logística em regiões remotas.
A resposta da empresa foi rápida — e polêmica:
- Adiantamento de férias suspenso
- Corte de 25% nos salários de parte dos trabalhadores
- Encerramento do home office
- Reabertura do PDV
- Fechamento de agências (inclusive CEMs)
Essas medidas visam gerar uma economia de até R$ 1,5 bilhão no ano, mas não são suficientes para reequilibrar as contas.
“O governo deve aos Correios”: a cobrança dos trabalhadores
Dirigentes sindicais e trabalhadores lembram que, ao menos nos últimos 30 anos, a estatal operou com responsabilidade e não precisou de aportes do Tesouro Nacional. Pelo contrário: no governo Dilma (PT), mais de R$ 6 bilhões foram retirados do caixa da empresa, sem qualquer devolução até hoje. Esses recursos, originalmente do fundo postal, foram usados para outros fins fiscais da União.
Agora, com a empresa à beira do colapso financeiro, a categoria cobra a reparação. “Se o governo exigiu a universalização, se interferiu nos preços, se usou o dinheiro da empresa, ele tem o dever moral e financeiro de reequilibrar a estatal. Não é demitindo trabalhador que se corrige isso”, afirmou um representante da FENTECT.
Privatizar não é solução, dizem os sindicatos
O debate sobre a “privatização disfarçada” volta à tona. Segundo os trabalhadores, a condução de medidas como o fechamento de agências, terceirização de serviços e redução da força de trabalho tem criado um ambiente que favorece concorrentes privados como Amazon, Mercado Livre e transportadoras.
“Estão matando os Correios por dentro. E depois vão dizer que o setor privado é mais eficiente”, alertou um dirigente sindical.
O que a categoria espera do governo Lula
A expectativa dos trabalhadores é que o governo reverta a política de austeridade e assuma sua responsabilidade histórica com a empresa pública. Para isso, os sindicatos defendem:
- Suspensão do PDV e demissões
- Injeção emergencial de recursos públicos
- Devolução dos R\$ 6 bilhões retirados nos governos anteriores
- Plano de reestruturação com participação dos trabalhadores
Conclusão: não se resolve uma crise com demissão em massa
A crise dos Correios não nasceu em 2024. É fruto de anos de sucateamento, omissões políticas e decisões estratégicas equivocadas. Exigir que os trabalhadores arquem com o prejuízo, como propõe o ministro Rui Costa, não apenas é injusto — é ineficaz.
Se o governo Lula quer preservar uma das empresas mais queridas do povo brasileiro, precisa ir além dos cortes. Precisa investir, reconstruir a confiança e, acima de tudo, respeitar quem faz os Correios funcionarem todos os dias: seus trabalhadores.
✍️ Por Junior Solid
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