Correios: a realidade da representação sindical e os desafios da mobilização

A trajetória dos trabalhadores dos Correios nas últimas décadas revela um cenário de ataques contínuos aos direitos da categoria, independentemente do governo no poder. Desde Fernando Henrique Cardoso até o atual governo Lula, passando por Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, os carteiros e demais empregados da empresa pública enfrentaram perdas em pontos sensíveis, como o Plano de Cargos e Salários, o plano de saúde e o Postalis, fundo de previdência complementar que acumulou sucessivos rombos. Na prática, a conta dessas crises sempre recaiu sobre os trabalhadores.

No entanto, a dificuldade da categoria não vem apenas da gestão da empresa ou dos governos. Dentro do próprio movimento sindical, o problema da falta de unidade se tornou um entrave histórico. Hoje, são mais de 30 sindicatos regionais e duas federações nacionais, muitas vezes alinhadas a partidos ou correntes políticas distintas. Em vez de unificar forças, essa divisão tem como consequência um movimento fragmentado, que não consegue organizar calendários nacionais de assembleias ou de greves.

Enquanto em um estado a categoria se mobiliza, em outro a movimentação ocorre dias depois, esvaziando a pressão sobre a direção dos Correios. Essa falta de coordenação favorece a empresa, que aproveita a desmobilização para avançar na retirada de benefícios.


Falta de formação e mobilização na base

Outro ponto que preocupa é a desarticulação na base sindical. Delegados sindicais, que deveriam atuar como ativistas dentro das unidades, têm recebido pouca ou nenhuma formação para exercer esse papel. O resultado é que, em vez de organizarem a categoria, muitos se limitam a funções formais, sem construir mobilização real nos locais de trabalho.

Além disso, práticas tradicionais de mobilização, como as assembleias de base durante campanhas salariais, perderam força. Em anos anteriores, essas reuniões eram fundamentais para informar os trabalhadores sobre o andamento das negociações e decidir os rumos coletivamente. Hoje, em muitos lugares, o que se vê é um silêncio preocupante: falta comunicação clara, boletins, visitas às unidades e debate com a categoria. Sem esses instrumentos, os trabalhadores acabam sem saber em que pé está a campanha salarial, e a luta se enfraquece antes mesmo de começar.


O desafio da unidade e da autocrítica

Ainda que no passado as divergências entre sindicatos existissem, havia maior capacidade de unificação em torno de pautas comuns. A partir dos anos 2000, porém, as divisões internas se aprofundaram. Atualmente, cada entidade segue sua linha própria, enquanto a base se distancia do movimento sindical.

Para superar esse cenário, especialistas e lideranças mais críticas apontam a necessidade de unidade mínima em torno de pautas centrais — como salário digno, manutenção do plano de saúde e solução justa para o Postalis —, mas também de reconstrução da mobilização de base. Isso passa pela formação de delegados sindicais mais atuantes, pela retomada das assembleias nas unidades e por uma comunicação transparente com os trabalhadores.

A autocrítica também aparece como elemento fundamental. Não basta culpar apenas os governos ou as gestões da empresa: é preciso reconhecer falhas internas, corrigir rumos e colocar novamente os trabalhadores no centro da luta. Sem isso, a categoria corre o risco de continuar refém de disputas político-partidárias que pouco ajudam a enfrentar os desafios reais.


✍️ Por Junior Solid

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