E Finalmente ... ACT vs. Eleições Presidenciais

E Finalmente ... ACT vs. Eleições Presidenciais

Fechando a série de análises comparativas da situação em que se encontram nacionalmente nossas vidas trabalhistas, (começou com a análise das relações entre federações, ECT inserida em um amplo mercado de negócios comparando a outros ACTs e agora este) vamos finalmente chegar ao ponto mais crítico pré primeira proposta econômica. A avaliação de como esse ACT vai afetar as eleições presidenciais. O primeiro aviso que vou transmitir é que não encontrarão neste texto apoio a nenhum postulante a presidente. Mas não vou poupar o governo federal da responsabilidade que ele tem no comando da negociação do ACT. Aqui o papo é correto e profissional, apoiado em pura argumentação sócio política até onde meus conhecimentos e experiências permitem chegar. Sem mais delongas, vamos lá.

Eleições 94
Começo da década de 90 é a chave de toda a explicação a seguir. Esse é o período mais importante para os trabalhadores de hoje na ECT pois é a base dos conceitos eleitorais de ampla maioria dos nossos trabalhadores, colegas de trabalho ainda ativos e aposentados. Pós redemocratização, ao não ver governos de esquerda assumindo o poder, ao menos 2 gerações foram fortemente influenciadas de que a força do voto é o recado a ser dado aos poderosos sobre o rumo que o povo quer. Não é coincidência que este tenha sido o caminho escolhido pelo PT e CUT na época, levando a expulsão ou saída de tantos militantes que depois formaram seus próprios partidos de esquerda ou ultra esquerda. Após discussão interna a ala da maioria na esquerda decidiu ganhar eleições a qualquer custo para assim "melhorar a vida do povo". O voto então foi apresentado como a arma dos trabalhadores, o recado firme de que os brasileiros queriam mudança e o momento onde os poderosos tremeriam diante do povo.

Assim crescemos. Me atendo a questão inerente a ECT descobrimos que o PT poderia ter razão. A considerada desastrosa administração FHC em relação a salários e perseguições aos trabalhadores fortaleceu muito o discurso de que era urgente a necessidade de retirar do poder o PSDB. É fato de que na época a base da ECT toda odiava o PSDB porque aquele inimigo não sabia negociar, nos fez perder muito poder de compra e ainda anunciava aos 4 ventos que tudo ia muito bem, que os trabalhadores tinham aquilo que era possível e que deveriam agradecer por estarem com seus trabalhos. Nascia aí a geração anti tucana na ECT.

Lula assumiu o governo e por 2 mandatos conseguiu ter forte presença junto a base por políticas de valorização salarial. Quem estava lá se lembra o quão forte para todos foi ver Lula assinando o termo de compromisso sobre o adicional de 30%.  Em razão dessa confiança a geração anti tucana votou em favor de Dilma. Mesmo já antevendo que Dilma poderia não ser uma opção boa como Lula, se confiou no pedido do presidente. Notemos que nessa época já havia uma crescente desconfiança quanto aos rumos tomados pelo governo federal quanto a ECT. Mas, a culpa sempre caia em cima do PMDB, o "aliado do mal" que o PT precisava ter e que era acusado de ser o grande "novo" carrasco dos trabalhadores.

O resultado todos conhecem: Dilma foi eleita e a ECT passou a ser toda comandada pelo PT. Quando eu digo toda, é toda mesmo!!! Aqui e alí há algum foco de controle com outros partidos mas nada acontece sem as bençãos do PT. Isso é mais do que fato e não se trata de opinião duvidável. Com Dilma à frente do governo federal e Paulo Bernardo no ministério das comunicações a imagem do governo federal na ECT foi de mal a pior!!! Tivemos uma repetição dos ocorridos na gestão FHC. Atendendo ao mercado, em relação a salários e perseguições aos trabalhadores, fortaleceu muito o discurso de que era urgente a necessidade de retirar o PT do poder. A base da ECT toda continuava odiar o PSDB, mas cresceu a raiva contra o porque aquele "novo" inimigo patrão não sabia negociar, nos fez perder muito poder de compra e ainda anunciava aos 4 ventos que tudo ia muito bem, que os trabalhadores tinham aquilo que era possível e que deveriam agradecer por estarem com seus trabalhos. Nascia aí a geração anti petralha na ECT.

Juntemos isso ao fato de que as discussões entre oponentes sindicais desfizeram o teatro que existia antes, a imagem de que todos os sindicalistas viviam em um conto de fadas unidos se esfacelou com as discussões entre sindicalistas, eleições sindicais fraudadas e centenas de militantes assumindo cargos. O trabalhador nunca se sentiu tão traído, fez greve em todos os anos e notou que a máquina do governo é poderosíssima. O sentimento de impotência era tão grande que palavras de rancor contra o governo são comuns nos corredores da ECT. Na verdade, quem não é contra essa administração do PT é logo mal visto!

Pode parecer imaturidade dos trabalhadores mas a vida dos ECTistas gira em 80% orbitando no emprego. Os amigos são dos correios, as conversas são sobre trabalho e a maior parte do dia se gasta trabalhando. O trabalhador da ECT não dá importância notável para o resto do país. Para o trabalhador da ECT o que importa é se o PRÓPRIO SALARIO vai bem. E isso não tem ido bem ...

A ideia do poder do voto continua. Os trabalhadores não militantes tem acompanhado esse ACT com muita atenção. Promessas de que esse segundo mandato será melhor da parte do governo federal???  Sorrimos de raiva com isso. Promessas de que a ECT será modernizada com os tucanos??? O povo tem memória tanto em relação ao governo FHC quanto aos ocorridos no governo Dilma. Inclusive sabendo que a influencia positiva do Lula a favor dos trabalhadores no governo Dilma não existe! Um jeito novo de governar com Marina ??? Mais promessas de políticos!!!  Porém, a análise realizada nos locais de trabalho indicam que o esgotamento em torno do PT e do PSDB é muito influente. A hora do acerto de contas será nas eleições dependendo dos rumos deste Acordo Coletivo de Trabalho.

Então está tudo nas mãos do governo federal decidir o que vai fazer. Podem nos chamar de infantis, egoístas, chantagistas, de incompreensíveis, de tolos, de meninos da direita, do que quiserem. Os trabalhadores não terão pena alguma de dar o merecido recado ao governo federal caso o campo salarial neste ACT seja ruim pois assim fomos ensinados. Se o governante é ruim ele tem de sofrer no voto para presidente! Agora é aguardar pra ver o impacto de não pagamento da PLR, do vale cultura, de precarização do plano de saúde, de já 4 idas ao TST, de aumentos salariais pífios, etc.

O resultado salarial deste ano dirá se teremos entre 120 a 400 mil novos anti petralhas nas ruas fazendo campanha contra Dilma ou não!!! E não adiantar tentar convencer esse povo que os ganhos de poucos percentuais é bom porque essa mentira não cola não!!

Ps: esse texto, mesmo sendo escrito pelo mesmo autor não entra em conflito com o anterior. Ou a ECT entende que quem gosta de conversa é pai de menina moça ou vai ver os trabalhadores descontando toda sua frustração não só na greve mas também nas urnas!

Wilson Araujo


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1 Comentários

  1. de todos os teus textos que acompanho esse foi o melhor escrito uma analise certa feita pela ótica do trabalhador,só faltou falar dos diretores de sindicatos que são do governo (PT , PC DO B )e são fiés do discurso que está tudo bém que 8% o ano passado era o máximo que poderíamos chegar ,que não adiantava fazer nada contra o postal saúde .e que podem colocar tudo a perder esse ano para garantir que não haja greve para atrapalhar a reeleição.

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