Esse ano começou quente o ACT. Temos grandes desafios pela frente como trabalhadores de uma empresa enorme e uma empresa com enormes desafios, tendo trabalhadores com expectativas ainda maiores. No título desse texto há 2 destas expectativas: união para conseguir mais e vontade de negociar "um acordo que preste" tanto da ECT quanto dos sindicalistas. O assunto do meio no título é um meio de chegar a isso pois nem tudo na vida é fácil como nos contos de fadas. A realidade é dura, campeão!!!
Vamos então começar pela parte boa. Todo mundo tem demonstrado clara intenção em querer negociar um bom ACT nesse começo de relacionamento. Começando os comentários pelo lado que tem mais dificuldade em mudar, a ECT por enquanto tem ouvido as demandas dos trabalhadores na medida em que tem apresentado o que ela diz ser possível avançar nas negociações. Fiquei com a impressão de que a ECT tem buscado incluir no ACT 2014/2015 políticas públicas e tendências de projetos já aplicados na sociedade usualmente, com isso solidificando estas ações. Exemplo disso está na proposta da ECT de proteção da mulher que é agredida e no aceno para as políticas públicas em forma de palestras, cursos e diretrizes na valorização das heterogeneidade humana (negros, índios, jovens, idosos, GLBTs, etc). Me causou estranheza não ter sido apresentado projetos amplamente defendidos pelos sindicalistas (que até então se imagina serem a vontade dos trabalhadores) como cotas e uso mais específico da UNICO como fomentadora de ações na área de educação. Ações desse gênero são comuns neste governo e, por Deus, estamos em uma empresa pública que deveria estar alinhada com este governo!! Uma sugestão por exemplo também é de formalizar algumas boas práticas em forma de direitos como por exemplo: no dia internacional das mulheres a trabalhadora ECTista terá abonado meio turno de seu expediente para participar das ações e festividades propostas pelas diretorias regionais. Todo ano isso é feito por várias diretorias regionais mas alguns chefetes despreparados se apressam em dizer que isso não é direito do trabalhador.
Agora vamos ao lado dos sindicalistas. Estes tem tido vontade de negociar?? Para surpresa de alguns incrédulos a resposta é um sonoro SIM. Por mais incrível que pareça, tem havido discussões calorosas entre os mesmos loucos de sempre contra a maioria esmagadora dos sindicalistas que sabem da importância de assinar um bom acordo esse ano. Como em toda discussão, o ambiente fica um pouco pesado, algumas mentiras e boatos começam a surgir e mesmo esse pobre escritor encontra dificuldades as vezes de notar os fatos por detrás de tantas notícias diferentes.Porém há um esforço na FENTECT para respeitar essa minoria que quer fazer do ACT palanque político e que vai querer greve a qualquer custo enquanto a ECT não propor contratação de 130 mil novos funcionários, piso salarial de 4 mil reais e gratificação/função para condutor de bicicleta/ carrinho. Respeita-se mas deixa-se bem claro que as negociações são feitas dentro da realidade!
Já na FINDECT os sindicalistas lá tem tido um clima mais tranquilo pois a sintonia entre os 7 representantes deles é maior, há menor discordâncias internas. Diga-se de passagem, esse cenário não é pior ou melhor do que o da FENTECT. Há benefícios nisso mas sem debates de opiniões bastante contrárias é mais fácil não perceber erros, como foi a leitura equivocada de que a gestão do plano de saúde sendo realizada pela ECT estava plenamente assegurada na cláusula 11. Nesse ponto no ano passado todos erraram, de certo, (tanto fentect quanto findect) porém é um exemplo de como o ambiente tranquilo não é sinônimo de perfeição. Sapientes de como estão formadas as equipes, com estilos e pautas diferentes, vamos ao assunto do momento ... a unicidade entre federações!
Não é surpresa para ninguém as dificuldades enfrentadas na busca de unificar tão diferentes estilos sindicais. Este simplório blogueiro e trabalhador ECTista não tinha dúvidas de que seria assim do jeito que está sendo. Na verdade pensei até que seria mil vezes mais complicado mas a vida tem feito nossos sindicalistas amadurecerem mais rápido. O que é muito bom! Porém, a realidade é dura e nem tudo são flores. A FENTECT tem imenso desejo de ver a unificação desde o início das negociações com a FINDECT. A FINDECT respeita esse desejo da FENTECT e inclusive lançou proposta de tentarmos esse ano não dar um passo maior do que as pernas, mas sim fazer um teste: negociaremos juntos as cláusulas referentes a benefícios e salariais, sendo que as últimas reuniões são de revisão das partes não acordadas estas também poderiam ser discutidas de forma unificadas. Entendo que cada lado tem suas suspeitas contra as outras federações, o relacionamento não é dos melhores e que com vontade é possível sim melhorar ainda mais essa proposta. Para tanto, é necessário que as partes sentem para conversar em bastidores.
Meus caros leitores vou ser direto. Não existe negociação somente com reuniões entre federações e ECT. Muito mais importantes que essas reuniões são as conversas realizadas com parlamentares, conversas feitas informalmente entre representantes dos trabalhadores e diretores da ECT e é claro, as conversas entre as federações! Poderiam me perguntar se estou defendendo acordos firmados em churrascos e pizzarias ... E eu respondo dizendo que não existe outro jeito de unificar uma campanha salarial sem conversar!!!
No TST o ministro foi direto: ou as entidades sindicais apresentam uma proposta unificada ou ele não mete a mão na cumbuca chamada PLR. Parlamentares tem o mesmo tipo de reclamação ao dizer que os pedidos das lideranças sindicais são até razoáveis mais são muito diferentes o que torna impossível atender tanto uma federação quanto a outra. Na ECT então a choradeira de alguns diretores da ECT é maior ainda pois tem sindicato que quer o mesmo assunto resolvido de forma diferente!!! É impossível dar soluções diferentes para problemas como PCCS por exemplo. Então, passado esse início mais turbulento de negociação e sabendo que é sim possível avançar (desde que os sindicalistas atendam os telefonemas ou pelo menos retornem as ligações) temos plena certeza que superado o ego de algumas pessoas o trabalhador vai ganhar bastante neste ACT.
Fica a sugestão de respirar fundo, se desarmar de alguns preconceitos e buscar o efetivo diálogo com os oponentes sindicais. Mesmo que somente seja possível unificar as negociações depois, da metade para frente, mas esse relacionamento entre as pessoas que compõem as equipes de representantes sindicais tem de ser trabalhado, tem de crescer e ser cultivado constantemente, sem vergonha e sem medo, mesmo que tenhamos que engolir alguns sapos e cedendo lugar a outras pessoas tão capazes quanto agente de conduzir boas negociações. Todos temos de ceder de alguma forma, dando inclusive espaço para outros de nosso grupo sindical!!
Um time sindical tem de surgir dessa negociação entre federações, uma verdadeira equipe composta entre as 2 federações para o bem dos ECTistas. Sem essa construção real aí sim teremos graves problemas e o caminho será o do dissídio no TST. Confio na capacidade dos envolvidos nas negociações deste ano em fazer essa construção.
Wilson Araújo
1 Comentários
belo texto
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