Polêmica em Cajamar: Presidente dos Correios no evento do Mercado Livre gera revolta na categoria

O Mercado Livre anunciou nesta segunda-feira (7) um investimento impressionante de R$ 34 bilhões no Brasil em 2025, em evento realizado em Cajamar (SP). A expectativa da empresa é gerar 14 mil novos postos de trabalho ainda neste ano e mais que dobrar o número de funcionários no País em relação a 2024.


O anúncio foi feito pelo presidente do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, e contou com a presença do presidente Lula, além dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho). Também estavam presentes representantes da empresa estatal Correios, incluindo o presidente Fabiano dos Santos e o superintendente estadual de São Paulo.

Mas o que deveria ser apenas uma celebração de novos investimentos acabou virando motivo de forte repercussão negativa entre trabalhadores dos Correios.


Fabiano dos Santos: “recepcionista de luxo” do concorrente?

A presença do presidente dos Correios em um evento de grande porte de um concorrente direto da estatal não passou despercebida. Para muitos trabalhadores da empresa, a cena de Fabiano dos Santos aplaudindo de pé os anúncios do Mercado Livre foi simbólica — e ofensiva.

Ver o presidente dos Correios batendo palma pra um concorrente bilionário enquanto a nossa categoria sofre com salários defasados e falta de estrutura é, no mínimo, vergonhoso”, disse um sindicalista presente na discussão.

A crítica se intensifica ao lembrar que a própria unidade dos Correios em Cajamar, onde o evento foi realizado, sofre com falta de efetivo e precisa constantemente de trabalhadores emprestados de outras regiões. 

A direção não aparece aqui pra ouvir os carteiros, mas vai prestigiar o concorrente?”, questionou um operador de triagem.

Por outro lado, Fabiano Silva dos Santos defendeu sua participação no evento, afirmando em perfil oficial dos Correios no Instagram:

Fomos convidados pelo presidente Lula para essa agenda, pela importância da parceria estratégica entre os Correios e o Mercado Livre, que vem aumentando o volume de carga confiada à estatal. Estamos em um momento muito especial dessa relação, estreitando ainda mais nossa sintonia com este importante cliente da empresa.”

A declaração tenta enquadrar o episódio como parte de uma agenda estratégica de aproximação com grandes clientes da estatal. No entanto, para muitos trabalhadores, a presença continua soando descolada da realidade enfrentada nas unidades da empresa.


Enquanto isso, o Correios tenta se reinventar com poucos recursos

Em paralelo ao avanço do Mercado Livre, os Correios lançaram recentemente seu próprio marketplace, numa tentativa de reconquistar espaço no comércio eletrônico. A iniciativa é bem-vinda, mas enfrenta limitações sérias: baixo orçamento, falta de apoio político e desvantagem tecnológica.

Para os trabalhadores, o gesto de prestigiar um concorrente enquanto a estatal luta para se manter viva é um sinal de abandono institucional.

Isso não é neutralidade de mercado. É subserviência. É jogar a nossa história no lixo”, afirmou um carteiro veterano.


Lula tem seu papel institucional. Mas e o presidente da estatal?

Entre as opiniões da categoria, muitos distinguem a função do presidente Lula da de Fabiano dos Santos. A presença do chefe de Estado é vista como parte de seu papel institucional, voltado ao estímulo da economia e atração de investimentos — algo considerado legítimo.

O presidente da República precisa dialogar com todos os setores, inclusive empresas privadas. Isso é governar. Agora, o presidente dos Correios não precisava estar lá batendo palma como se fosse só mais um espectador”, comentou um funcionário da área de comunicação.

Esses mesmos trabalhadores elogiam os avanços do governo Lula, mas questionam a falta de estratégia e resultados na gestão dos Correios, que acumula dois anos seguidos de prejuízo e ainda não apresentou um plano de recuperação sólido.


O que está em jogo: imagem, estratégia e sobrevivência da estatal

A grande questão levantada por essa polêmica é simbólica e estratégica: qual é o papel da direção da estatal frente à crescente privatização do mercado logístico?

Enquanto o Mercado Livre cresce e investe com força no Brasil — mais de 50% das receitas da empresa em 2024 vieram do país —, os Correios seguem enfrentando desafios estruturais. A ausência de uma gestão combativa e alinhada com os interesses da base só aumenta a sensação de que a estatal está sendo deixada de lado.

Se fosse no setor privado, um CEO com dois anos de prejuízo e sem plano estratégico já teria sido trocado. Mas nos Correios, tudo segue igual”, criticou um trabalhador.

 

Conclusão: a categoria está atenta

Mais do que um evento isolado, o episódio de Cajamar expõe um choque de visões sobre o futuro dos Correios. Enquanto alguns dirigentes preferem o aplauso fácil nos palcos privados, a base resiste, trabalha duro e exige coerência.

A luta pela estatal continua — com mais união, mais voz e mais vigilância.


E aí, o que você achou da presença do presidente dos Correios no evento do Mercado Livre?  

Comente, compartilhe e ajude a fortalecer a luta pela valorização da nossa estatal!


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