Limites de uma contra proposta.

Desta vez buscarei ser mais objetivo (ok, sei que não vou conseguir mas vou tentar )
Não se apresenta uma contra proposta acreditando que vai alcançar o que foi contra proposto. Mas para que serve uma contraproposta então? Mobilização.
GREVE: Limites de uma contra proposta.
Relembrando os ocorridos do ano passado, quem realmente esteve na base acompanhou os impactos da negociação que foi para o tribunal do mesmo jeito. Arrisco dizer que o cenário era ainda pior. A ECT solicitava um cheque em branco do TST para implantar o postal saúde goela abaixo, a proposta era somente a inflação e nada mais, o número de adesão a greve era consideravelmente menor e a FINDECT já estava aí presente nas negociações. Todos tinham, de norte a sul do país, certeza que motivos para lutar era o que mais havia. E neste ano vivemos uma continuação da batalha travada a 1 ano atrás. Somado às mobilizações, estudos, atos e eventos realizados pelos trabalhadores organizados se encontramos uma peça chave interessante nesta equação que foi a atuação racional e profissional das federações no ano passado junto ao TST.

TST
Para quem não se lembra (ou fingi que não foi assim), no ano passado a própria ministra Cristina Peluzi argumentou várias vezes que era necessário negociar. Diante da fraca adesão da greve no ano que se passou a ECT achou que poderia se recusar diante do tribunal que não haveria problema algum. Para surpresa de muitos a maioria da FENTECT decidiu construir e abraçar uma contra proposta formulada em conjunto com a ministra, que contava com aumento linear, barrava as alterações unilaterais do plano de saúde, dentre outros temas. Ao fim, mesmo havendo pronta recusa da ECT em aceitar a contra proposta os trabalhadores saíram fortalecidos pois o TST bateu verbalmente duro nesta manutenção dos baixos salários causado pela empresa, abriu caminho para entrega pela manhã obrigando a ECT a instalar pelo menos planos pilotos em 3 lugares, definiu a mesa paritária para debater o plano de saúde (O QUE NÃO FOI UTILIZADA POR NENHUMA DAS FEDERAÇÕES PRESENTES) e decretou reposição salarial diferente do que a empresa queria dar. Os funcionários ficaram eufóricos no país todo imaginando que finalmente tínhamos representantes sindicais capazes de fazer uma negociação trabalhista profissional, com foco no trabalhador e não em seus partidos políticos. As mobilizações presenciais para greve foram fortalecidas pois finalmente tínhamos gente competente negociando por nós e nos representando pois até mesmo os tribunais teriam se curvado diante da força dos trabalhadores e o sentimento de repúdio a intransigência da empresa subiu fortemente. 
Hoje, 1 ano depois não sei se é mesmo assim nosso quadro.
Greve Correios
É incontestável que o TST é uma ferramenta do Estado, ou seja, que não está favorável aos trabalhadores, não resolverá nossos problemas e que ajudará na medida do possível a empresa no objetivo de alcançar seus planos. Porém, é de uma falta de realismo tremenda determinados “líderes” sindicais virem afirmar que os trabalhadores não querem que seja dada uma contra proposta. Sim, os trabalhadores querem sim que seja feita uma contra proposta pois é isto que se espera em uma negociação. Se a ECT vai novamente jogar a contra proposta no lixo ou se o TST vai rasgar as reivindicações dos funcionários e rir de nossas caras o Estado vai sofrer as consequências naturais disto. E que consequência é esta? 
Mobilização dos trabalhadores dispostos a ir ao tudo ou nada.
Ser solicitado para a FENTECT pelo relator que esta transmita uma contra proposta a ser apreciada e negar-se a fazê-lo é assinar atestado de incompetência. No geral, todas as forças contrárias à FENTECT tem sido categóricos em dizer que estes não querem negociar ou que é impossível negociar com a FENTECT. Se esta federação comprovar isso o tempo vai mostrar novamente o que estive escrevendo, podendo inclusive haver retrocesso na força de mobilização nacional. Afinal de contas, o principal atributo de uma liderança que busca a mobilização é a capacidade de fazer com que os liderados confiem no que tem dito, entendo ou não os acontecimentos.

Não se constrói uma casa por exemplo picando papel e jogando os pedacinhos para cima em dia de chuva. Gritar aos 4 ventos que a bola verde é na verdade um quadrado branco também não leva mais do que 1 punhado de gente, por pouco tempo, a acreditar neste tipo de mentira.  Então o respeito a realidade é peça fundamental na construção de uma guerra dos trabalhadores pelos seus direitos. 
É possível sim construir salários dignos aos trabalhadores, gerar benefícios como os 30% de adicional e melhorar nosso plano de saúde mantendo ele com qualidade e gratuito para seus beneficiários. 
É possível sim forçar a empresa a estabelecer entrega pela manhã em todas as cidades onde isto se faz necessário e dar segurança contra a violência a nossos trabalhadores. Mas, não será gritando mentiras, com fantasias e ilusões, estabelecendo guerra contra colegas sindicalistas ou decretando que os trabalhadores querem tudo ou nada agora que vai ser construída estas conquistas. 
Com certeza não será acusando a tudo e todos de pelegos ou ameaçando com violência física que teremos a vitória. 
Wilson Araujo

Postar um comentário

4 Comentários

  1. parabéns Wilson... texto belo e verdadeiro!!! Marcos Nascimento

    ResponderExcluir
  2. É interessante ver como o Wilson manipula bem seu raciocínio lógico para justificar seus argumentos,como é de praxe,ocultando fatos que venham enodar tais teses.Cabe salientar que ninguém negocia se fica com o almoço ou a janta,se vive ou morre,se fica pelado ou se veste,pois estes são por si só princípios inalienáveis de uma existência comum.Lógico que quem negocia,principalmente raposas astutas como os negociadores da ect,o fazem pela lógica da negociação do mínimo para se chegar ao médio no máximo.Cabe a eles afirmarem que só podem dar o almoço ,pois senão quebram,e depois dizer que lavam o prato ou talvez dão um lanche no fim da tarde,é pratica de negociador.O que me espanta é ver este discurso falacioso enraizado na mente de sindicalistas ditos de esquerda.Nos anos 80,se não me foge a época,um tal Rogério Magri,inventou um tal de "sindicalismo de resultados",(Melhor o almoço e o lanche do que nada)adotado amplamente nos dias de hoje por sem fim de sindicalistas sem qualquer cerimônia.O sindicalista gênio virou ministro,abrindo outra grande faceta desta consciliação de classes,a da recompensa.por facilitar a vida do patrão e da justiça burguesa.Porque fazer o patrão mostrar que é ambicioso e mentiroso,pedindo o justo?Porque expor a justiça vendida,fazendo-os se comportar como se comportou o vice-presidente na consciliação?para que tanto choque?Afinal dá para viver sem a janta ou quem sabe para não escolher a morte quem sabe perder uma perna?O importante é ficar vivo,não é mesmo¹
    Errado.Direitos tem que ser respeitados,O que falta é um sindicalismo menos covarde ,que esteja disposto a expor a vergonha que tem se tornado a luta em defesa dos direitos em nosso país.Quem quiser assistir a audiência de negociação verá a Fentect tentando o tempo todo defender a categoria e sendo oprimida pelo "negociador",que mais parecia advogado da empresa.O que fazer ?Lutar ou por o rabinho entre as pernas e aceitar esta covardia.Foi citado sim a questão das mesas temáticas do Correio saùde e o ministro fez vista grossa tentando trocar o negociado pelo que está sendo imposto.Me choca ver alguém tentando ensaiar colocar a culpa da intransigência na fentect,O medo torna isso mais fácil,pois é mais traumático atacar o patrão.

    ResponderExcluir
  3. Pois sim. Vou aguardar o resultado. Afinal de contas a fentect quer manter sua postura de grande lutadora do povo inclusive prejudicando os funcionários para manter essa imagem ou vai construir medidas que efetivamente levem aos ganhos dos funcionários?

    Vejo especialistas em falar mal dentro da fentect. Gente que nada aceita, propõem o paraíso sendo conquistado unicamente porque o trabalhador assim quer e está disposto a ficar em greve. Vendem a ideia de que basta o trabalhador estar em greve que não serão retaliados, que as instituições naturalmente dobrarão os joelhos diante de suas vontades, que todos mentem, todos que pensam diferentes são inimigos e que somente o posicionamento da fentect é uma verdade inquestionável. (pois assim se auto legitima poder a FENTECT)

    E já sendo repetitivo: verei para onde suas escolhas como representantes dos trabalhadores vão levar os ECTistas. Deixem de fazer a contraproposta mas sejam homens para depois assumirem as consequências disso. Pois o trabalhador não é otario pra ver vcs tomando suas decisões e quando os problemas vem se fazerem de perseguidos e vítimas por que o paraíso prometido não surgiu.

    Mas a história afirma o contrário. Ao final de tudo vão continuar com seus discursos raivosos acusando outros por sua falta de resultados bons.

    ResponderExcluir
  4. Por Deus!
    A FENTECT acredita mesmo que vai chegar aos 15% + inflação?

    Ora, é óbvio que é necessário criar uma cultura onde não se negocie inflação. Mas daí bater o pé e não querer arredar (negociar) com a proposta do ganho real e qualquer coisa, menos competência.

    E não me venham com papo furado de esquerda. Nos países onde a esquerda foi implantada (sempre de forma ditatorial) os sindicatos, quando existem, são conjugados com o estado.

    Por isso, meus caros, só teremos os interesses de trabalhadores sendo defendidos quando tivermos nos sindicatos trabalhadores e não políticos.

    Bergson

    ResponderExcluir