O Oponente Maior.

Novamente o texto a seguir será recheado de opiniões pessoais que somente cabem a mim responder por elas. 
É nítido que temos diversos grupos, com diversos interesses, efetuando os mais variados métodos de lidar com a realidade (ou fantasiar) que se apresentam nesta greve. No texto que se seguirá, vou citar alguns destes grupos que espero no leitor haver conhecimento suficiente para diferenciar cada 1 deles.  Citarei elementos do PCO (atual presidência da FENTECT), FNTC (colegas ligados a CSP/CONLUTAS), Art Sind (talvez a maior corrente PTista dentro da ECT) e Intersindical (jovens colegas ligados a várias linhas de pensamento de esquerda). Caso não conheça o perfil de cada 1 destes espero que não seja grande prejuízo a sua leitura.

Todos com certeza conhecem a ECT,e mais pessoas ainda (graças ao filme tropa de elite) já ouviram falar no Sistema. Esse ajuntamento de pessoas com intenção de ferrar o trabalhador para que os mais ricos continuem mais ricos às custas dos mais pobres. Esses, serão os grupos abordados hoje no texto.

Feitas as devidas apresentações, sigo ao tema que me é espinhoso pois agride diretamente meu ego. Sim, farei alusão defendendo ações do PCO e da Art Sind, grupos esses os quais me trazem imensa dor de cabeça, são completamente diferentes entre si (tá, os 2 são CUTistas mas isso não vem ao caso), mas tomaram ações semelhantes, de militância sindical correta inquestionável por sinal. Estou falando aqui dos piquetes.

O que muitos não sabem é que fazer piquetes é completamente legalizado e previsto em lei. 

Sim, isso não é coisa de baderneiro e acredito que não haja 1 texto meu ditando o contrário. Vamos a um exemplo: todos tem direito a moradia, alimentação, estudos, saúde, previdência, lazer, segurança, expressão, a propriedade, de ir e vir, dentre outros. São alguns dos direitos civis expressos em nossa lei assim como na lei que cita greve está expresso que pode haver piquetes. Vamos ver?

ARTIGO 15º

(Atribuições dos representantes dos trabalhadores em greve)

Compete, nomeadamente aos representantes dos trabalhadores em greve:

• a) Assegurar os contatos com o empregador ou outras entidades destinados à resolução do conflito;

• b) Proceder à organização dos piquetes de greve;

• c) Organizar comissões de angariação de fundos e distribuição de propaganda relativa aos motivos da greve;

• d) Designar quais os trabalhadores encarregados de assegurar os serviços mínimos determinados pelo empregador;

• e) Emitir parecer sobre a designação dos trabalhadores, feita pelo empregador, para garantir a prestação dos serviços bastantes à satisfação indispensável das necessidades essenciais.

ARTIGO 16º

(Piquetes de greve)

• 1. Os trabalhadores que constituam piquetes de greve podem desenvolver, por meios pacíficos, atividades com vista a persuadir os trabalhadores não aderentes a aderir à greve.

• 2. As atividades exercidas pelos membros dos piquetes de greve não podem impedir ou prejudicar a liberdade de trabalho dos não aderentes nem implicar a prática de agressões, ameaças ou injúrias.

• 3. As atividades a desenvolver por piquetes de greve não podem ter lugar no interior das instalações da empresa.

Está aí previsto o direito de fazer o piquete, inclusive ditando que este deve existi para persuadir o

trabalhador a adentrar a greve. O inverso é proibido pois a empresa usar de métodos fora de suas dependências para constranger o trabalhador a não ir a greve é prática antissindical. E neste convencimento por exemplo, é cabal que carro não é gente. Ou seja, o motorista pode ser parado para conversar sobre aderir a greve por horas e o caminhão não pode entrar pois este item não é trabalhador. Então que fique o caminhão do lado de fora do Centro de Tratamento.

É claro que a matéria em si sobre piquete ja daria uma texto enorme mas é somente para provar que quando há conflitos entre direitos (grevistas X resto do mundo) quem dá a martelada sobre o assunto são os juízes. E esta nem sempre é definitiva ou é seguida pelos trabalhadores. Milhares são os casos onde decisões judiciais foram descumpridas e após tempos de revisão foram anuladas. No fim cabe sempre ao trabalhador ver se quer ou não seguir a ordem judicial.

Caminhões parados por Causa de Piquete

Quando o direito de se expressar se choca com o direito de ir e vir temos alguns problemas. Neste exato ponto que finalmente quero chegar: os colegas sindicais, tanto do PCO quanto da Art Sind, ao exercer seus direitos de fazer piquete foram ameaçados, agredidos e violentamente detidos por uma polícia despreparada a serviço do sistema.

São vários os vídeos, relatos e fotos dos ocorridos onde em Belo Horizonte 2 ou 4 pessoas foram detidas pela polícia e no Distrito Federal 1 dirigente sindical da Art Sind foi jogado ao chão, grosseiramente imobilizado e levado ALGEMADO para a viatura.

Esse tipo de absurdo é completamente imperdoável vindo da parte de um governo que se diz trabalhista (no caso do DF) e no território de um presidenciável como é o caso de BH. Não havia pessoas armadas nos 2 lugares, não havia sinais de agressão a nenhum funcionário anteriormente, não existiu diálogo entre a PM e os agredidos (parece a ECT sem querer negociar não é?). Simplesmente bateram nos colegas e pronto!!!

Notas de repúdio foram colocadas pela Intersindical quanto aos ocorridos. A FNTC principalmente em DF estava presente no piquete e protestou fortemente contra essas atitudes dignas do período da ditadura militar. Milhares de pessoas se revoltaram nas redes sociais com o ocorrido, não com a intenção de martirizar os presos transformando estes em heróis. Todos já são heróis por estarem em greve! E muito menos se imagina em gerar uma guerra eleitoral com estes fatos. A aversão do trabalhador foi ao fato de verem seres humanos sendo tratados piores que animais!

Então notemos que temos um inimigo maior em comum. Um sistema que usa e usará de suas ferramentas para agredir aqueles que se insurgem. De forma inteligente e firme o trabalhador deve se posicionar não ao lados de correntes ou partidos sindicais mas sim contra a truculência e a violência exercida no trabalhador. E ao se posicionar este tem de agir!

Convido os trabalhadores a participarem mais destes assuntos, fortalecerem a greve, intimarem as pessoas poderosas que vocês conhecem como artistas, líderes sociais, políticos juízes comandantes de forma geral a se posicionarem também na luta dos bastidores ou abertamente para que a ECT reabra negociação e que a proposta avance na íntegra. Somente atacando o sistema de todos os lados os trabalhadores serão vitoriosos nesta batalha.

E tenho fé em Deus de que o trabalhador será vitorioso.

Wilton Araujo


Obs: Muito gentilmente os colegas do MRL me pediram para atualizar o texto com o posicionamento deles: 

O MRL, segundo o companheiro Marcão é contra a toda e qualquer violência e opressão praticada aos trabalhadores urbanos e rurais, bem como a violência psicológica, assédio moral e sexual cometidos pelos gestores despreparados da ECT. Salienta ainda que a greve é um direito constitucional dos trabalhadores previsto no art. 9º devendo ser respeitado na sua máxima efetividade.

Obs²: Se qualquer outro agrupamento requisitar atualização dos textos me avise desde que não afete diretamente minha opinião sobre os fatos como narrado no primeiro parágrafo.