Todos, simplesmente todos estão à espera da documentação proveniente do julgamento no TST. Porém, já é possível explanar sobre uma questão importantíssima. Como preparativo lá vou eu novamente explicar sobre algumas siglas de agrupamentos sindicais que serão utilizados.
CTB
Pois bem, temos a CTB / FINDECT que é um agrupamento muito ligado do PC do B e que dentro dos Correios conta com 6 sindicatos apoiando este projeto de uma "nova" federação, dentre eles SP e RJ. Seguem a linha de negociação com a diretoria da empresa o tanto quanto for possível chamando isso de "negociação responsável".Articulação Sindical
Articulação sindical, de forma genérica é um grupo de sindicalistas muito ligados ao PT, conta com apoio de outros grupos menores como o MPT (Movimento PT), parte do MRL e MSB, o qual geralmente defendem o planejamento de "ocupar os cargos da empresa para trazer mudanças" ( o que se mostrou completamente ineficaz ao meu ver) além de que buscam sempre o caminho da negociação política. Os 2 grupos afirmam não temer ter utilizar a ferramenta greve quando esta se faz necessária.CSP - Conlutas
Além destes temos a CSP / FNTC, agrupamento ligado ao PSTU / PSOL leva consigo um discurso de esquerda, buscam analisar periodicamente os ocorridos e destas análises tomam suas decisões pontuais. Conta hoje com 5 ou 6 sindicatos em DRs pequenas (depende de quem conte o número), trabalham no projeto de construir uma terceira via, uma opção de federação chamada FNTC. Neste ano foram os sindicatos que passaram mais tempo em greve pois preferiram apoiar os trabalhadores em greve tanto das bases que iniciaram dia 12/09 quanto os que foram até o fim dia 10/10 e continuam temporariamente dentro da FENTECT.MoPe (Movimento de oposição ao peleguismo)
O MoPe (Movimento de oposição ao peleguismo), é um termo criado pelo PCO para denominar o grupo hoje dentro da FENTECT composto pelo PCO, Intersindical, independentes, parte do MRL, ASS, MUTE e e alguns sindicatos que vez ou outra não seguem seus agrupamentos, votando assim com o MOPE (geralmente a CSP). Este é o agrupamento mais enfático ao dizer que a luta do trabalhador deve ser travada em uma verdadeira guerra de dominação e imposição, pois a empresa nunca quer negociar, o trabalhador não deve se "rebaixar" e são extremamente ligados a ideologias de esquerda. Hoje, detêm pequena maioria na diretoria da FENTECT porém, após as últimas eleições sindicais foram os que mais cresceram ao assumir ao menos 3 sindicatos importantes. Sendo muito franco, são completamente dependentes ideologicamente do PCO e por conseguinte a este partido geralmente são associados, mesmo que a maioria destes sejam ex ou ainda petistas. Prova disso é que basta perguntar a qualquer pessoa fora da ECT da ala sindical que prontamente perguntam se é o PCO que está "mandando" na FENTECT.falta UNIÃO, sobra ÓDIO
Ficou longa a explicação mas esta se faz necessária. Notaram a quantidade grupos que existem dentro dos sindicatos de Correios espalhados pelo Brasil? Não cheguei a comentar ainda o óbvio mas aí vai: todos os grupos se odeiam. E dentro dos maiores grupos eles subsequentemente se odeiam também. E até dentro de alguns grupos pequenos há disputa por poder, que os levam brigar também internamente. Nesta equação, não importa os sinais matemáticos de soma, subtração, multiplicação ou divisão sejam usados. SOBRA ÓDIO!Quando eu falo de ódio, não estou com exagero. Ameaças verbais e crimes contra a imagem são rotineiros entre os "irmãos sindicalistas". Sabotagens, mentiras e insinuações maldosas (algumas que se concretizam outras não) são armas empregadas dia sim e no outro sim também. Agressões físicas com punhos, armas e até bombas entram no hall de absurdos a que se chega na "defesa dos interesses dos trabalhadores". Não é segredo para ninguém que enquanto estavam todos juntos na FENTECT por mais de 1 vez os sindicalistas foram parar na delegacia por causa de brigas, envolvendo cadeiradas e facas.
O resultado desta equação não tem como ser outro. O trabalhador observa, pouco entendi essa briga toda com mais de 10 grupos diferentes (deixei de citar alguns grupos) e em sua inocência pergunta porquê esse povo não se une para lutar pelos trabalhadores. Aliás, inocência não! Sentimento mais do que justo, pelo qual vale a pena questionar, brigar e fazer acontecer. É desejo do trabalhador a união.
Neste exato momento há um clima propício a discussão sobre união. Sim, todos concordam que esta palavra e ação devem passar a integrar a equação porém os objetivos e caminhos são distintos entre si.
FENTECT
A FENTECT busca unir seus sindicatos filiados e seus grupos em torno de alguns objetivos comuns. Dentre os objetivos clássicos que são representar e lutar pelos direitos dos trabalhadores, organizar e instruir os ECTistas há um objetivo bem claro e pontual que tem sido alvo prioritário desta federação: esmagar a FINDECT. Neste exato momento há sindicalistas em todo país afirmando categoricamente como é importante que sejam "tomadas" as diretorias de SP e RJ "de volta para os trabalhadores". A união em torno desta finalidade tem inquietado todas as lideranças da FENTECT (sejam elas do MoPE ou Art Sind) até porque eles afirmam que esta greve de 2013 somente não teve resultado esperado porque estas bases específicas não efetivamente participaram da greve (nem vou comentar as assembleias de deflagração de greve nestas bases realizadas pela FENTECT). Declaram que é importante retirar as diretorias da CTB dos estados nestes sindicatos. A oportunidade em SP será no ano de 2014, pois a eleição no SINTECT SP será em 2015. Devem contar pra isso com a união da Art Sind, MoPE e talvez CSP. Ou talvez não consigam se unir de novo (não seria novidade alguma). Somente o tempo confirmará.FINDECT
A FINDECT por sua vez diuturnamente ataca o que chama de "saco de gatos" composta hoje pela FENTECT. Por ser uma "federação plural" (caramba, são ao menos 9 grupos lá dentro pensando diferente uns dos outros) a CTB afirma que é impossível promover um trabalho sindical efetivo com todo mundo se agredindo nas mínimas coisas. Então buscaram montar uma federação, para depois comporem uma confederação onde lá possam se tratar civilizadamente com a FENTECT, FNTC ou qualquer outra federação que surja resolvendo assuntos nacionais amplos, ficando livre com sua federação para representar e tomar as atitudes cabíveis necessárias à suas bases nas negociações menores. Como todos sabem, romperam com a FENTECT, se encontram buscando resolver seus problemas de legalidade e hoje ainda não conseguem sentar à mesma mesa da FENTECT. Este ano de 2013 tiveram papel de destaque neste ACT tendo conseguido negociar um ACT considerados por alguns muito ruim e por outros muito bom.FNTC
Conclusão
Acreditando que não esqueci ninguém, vou finalizar com comentário pessoal obviamente. Até 2008 conseguíamos nos unir minimamente (olha aqui ela de novo) e forte para resolver problemas pontuais. Por isso tivemos conquistas importantes nos piores momentos da vida (pré e pós redemocratização), no governo FHC e no governo Lula. De lá pra cá, nunca mais se viu aquele nível de união entre esses que se odeiam sequer por 1 segundo que seja. Não se trata de aliviar a vida ou os erros de quem se considera estar no caminho errado (ou traindo a categoria como é a acusação mais comum) mas não existe a consciência do respeito. Se aquela direção está eleita e conta com o apoio de sua base tem de ser respeitada em suas diferenças de pensamento quanto ao todo além de respeitar os planos traçados pela maioria mesmo que somente nos tópicos mais importantes. O que se tem hoje é a negação pela negação, ser contrário a tudo o que o oponente fizer, mentir se assim for necessário e tomar o lugar que este estiver ocupando para assim "fazer direito". Temas importantes ainda serão alvo de nossa atenção este ano como PLR, plano de saúde, PCCS e POSTALIS.E fica nítido que se as lideranças sindicais não diminuírem seus enormes egos dando lugar a união nacional em favor da objetiva luta dos trabalhadores vamos encarar as mesmas derrotas (ou não ganhos) dos últimos anos.
Wilson Araujo
Ps: Qualquer discordância, inclusão ou pedido justificado de alteração, por favor seja educadamente realizado neste tópico no blog. Este tópico tem o interesse de mostrar a público quem é quem no nosso universo sindical e também ampliar o debate em torno da união. Julgada procedente por mim ou pelo JC será feita a alteração, marcado o novo texto em vermelho ou cortado o texto em questão com linha no caso de retirada do trecho. Desde já, grato.
5 Comentários
Camarada, nenhuma corrente sindical está no cotidiano das Unidades de Trabalho com o ecetista de base.
ResponderExcluirDiscordo com veemêcia quando o MRL é enquadrado junto com a artsind e junto ao MOPE.Somos um grupo suprapártidário e que defende a unidade da categoria tendo como base a única e verdadeira entidade nacional: A FENTECT.
ResponderExcluirNão tenho informações suficientes do projeto da maioria dos grupos então preferi enquadrar superficialmente por afinidade. Tive uma conversa ontem com um membro da art sind e vou ver se consigo fazer entrevistas com membros de cada grupo para aprofundar nas especificidades.
ResponderExcluirA articulação me odeia,rs. Imagina ser enquadrado junto com Ela,rs.
ResponderExcluirParabéns, camarada. É sempre bom lembrarmos com quem estamos lidando. Somos inimigos da burguesia, inimigos somente desta classe pútrida que detém os meios de produção e troca. E olha que somos TODO(A)S trabalhadore(a)s inimigo(a)s da burguesia, querendo ou não. O que nos diferencia é somente o projeto de sociedade alternativa que queremos colocar no lugar do capitalismo.
ResponderExcluirAo lutarmos contra um inimigo comum, por objetivos comuns, temos obrigação de nos unirmos, nas palavras do Marx. Mas ao disputarmos o modelo a ser adotado para o que se colocará no lugar deste "way of life", aí sim podemos ser adversários, adversários, pois entre trabalhadores há os que compactuam com a burguesia sem maiores problemas, então devemos combater esta consciência aburguesada, mas não podemos ser inimigos de classe, jamais. Adversários sim, inimigos não!
Novamente, parabéns pelo site.
Claiton Santos - dirigente sindical em SC, militante do PSTU e da CSP-CONLUTAS.