Vai o homem e fica no nome. Damião, sentiremos saudades.

Bom, nunca é fácil escrever em momentos de dor, causada pelo falecimento de alguém próximo e querido. A satisfação de resenhar está quando há muito de bom a ser dito daquele que se foi, deixou saudades e maravilhosos exemplos.

Nascido no dia 15 de janeiro de 1960, em Brasília (DF). Passou grande parte de sua vida na cidade de Teresina e foi na década de 90 que veio morar em Curitiba, Paraná. Em 1992 entrou na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos como carteiro no CDD Portão, passando também a trabalhar como atendente comercial na AC Industrial Novo Mundo. Finalizou sua jornada nos Correios como OTT no CTE Curitiba. Ao longo destas mais de 2 décadas destacou-se na jornada sindical, tendo sido incontestavelmente guerreiro fundamental na construção do que é hoje o SINTCOM PR. Conjuntamente da Resistência com a Base, elevou o sindicato do PR ao status de sindicato combativo e referência nacional, especialmente para mim em comunicação. Guardo profunda admiração pelo trabalho bem feito neste sindicato que me inspirou em trabalhar no campo das mensagens com qualidade, rapidez e confiabilidade.

Sempre contou com o respeito dos trabalhadores ao ponto de ter sido convidado a encabeçar o grupo que disputaria com outras 3 chapas a eleição ao SINTCOM PR. Mesmo tendo tido uma dura campanha de difamação contra seu nome, contra sua imagem e contra o fato de que não se dobraria às pressões advindas da ECT e dos seus oportunistas oponentes sindicais, consagrou seu nome mais uma vez à frente desta entidade. Digo mais uma vez pois, anteriormente, havia estado na diretoria do sindicato, vindo a afastar-se por justo motivo: cuidar da saúde.

Sim caríssimo leitor, não tento aqui transformar homens em santos ou apagar seus erros passados no pós morte. Porém, o desejo de fazer mais pelo trabalhador não o impediu de voltar ao campo de guerra, mesmo sabendo que o Câncer que lhe agredia requisitava tratamentos médicos e o quanto de descanso fosse possível. Não se há notícias de que tenha sucumbido a propostas da empresa, mesmo não havendo pessoa alguma que pudesse julgá-lo contra em razão o mal interno ao qual combatia. Viu colegas seguirem pelos caminhos das chefias e se manteve firme. Pelo contrário, nunca usou seu estado para justificar fraqueza ou falta de combatividade. Combateu inclusive diversos pseudo sindicalistas que teimosamente ansiavam usar de sua imagem para ditar como ele, Damião, deveria agir. Dedicou conscientemente seus últimos dias em favor da busca de dias melhores aos ECTistas. Por amor o homem toma decisões aos olhos de muitos completamente insanas e este é um caso de amor do homem Jurandi Damião da Silva pelos trabalhadores na ECT. No meio de tantos exemplos torpes tenho a satisfação de poder escrever sobre este exemplo impar na sociedade. Motivador, nos faz questionar se tem valido a pena nos mover por este mesmo amor aos batalhadores operários do mundo. A resposta dada por este nobre assalariado é que sim, vale a pena amar.

Se me permitem caros leitores, gostaria de transmitir a quem ler este texto os agradecimentos dos ECTistas do Brasil pelo quanto este guerreiro se dedicou ao combate contra o mal. Peço nossas desculpas à família do Jurandi Damião da Silva que inúmeras vezes deve ter se sentido angustiada nos últimos 5 anos e ainda teve nestes momentos finais de vê-lo, mesmo doente, se dedicar a essa paixão que é lutar na causa dos operários. Dor maior para ele teria sido morrer sem fazer tudo o quanto podia pelos trabalhadores, mas não podemos deixar de louvar aos amigos e parentes que o amavam, cuidavam e mesmo distantes nutriam com suas forças este combatente do bem. Por último deixo meu apreço pela inspiração dada às futuras e à presente geração que poderão se espelhar neste fantástico modelo que foram as opções tomadas por este homem. Talvez até digam, em um futuro não tão distante que é impossível ao homem tomar a decisão de ir à luta ao mesmo tempo que é acometido pelo mal de um câncer que já durava 5 anos porém fica o registro que este homem existiu sim, trabalhou aqui nos Correios e eu tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente.

Damião do Sintcom-PR fala do 1º dia de negociação com a ECT