No dia 15 de abril de 2025, os Correios anunciaram, via informativo Primeira Hora, a reabertura do Plano de Desligamento Voluntário (PDV/2024). O programa teve sua vigência prorrogada até 28 de julho de 2025, e passa a permitir a adesão de mais trabalhadores com a flexibilização dos critérios de idade e tempo de casa.
Apesar de ser uma medida voluntária, a iniciativa reacende preocupações importantes sobre os impactos dessa decisão para empregados que, embora já contem com mais de 45 anos e tempo considerável de empresa, ainda não têm condições de se aposentar nem perspectivas reais no mercado de trabalho.
Quem pode aderir ao PDV?
Com a atualização dos critérios, o PDV/2024 passa a aceitar inscrições de trabalhadoras e trabalhadores que atendam, até o mês anterior ao encerramento do prazo, aos seguintes requisitos:
- Ter idade entre 45 e 74 anos;
- Ter no mínimo 10 anos de efetivo exercício nos Correios;
- Ter recebido, nos últimos 60 meses, ao menos 36 remunerações.
📎 Acesse o regulamento completo (intranet):
🧮 Faça a simulação de adesão:
As inscrições seguem abertas entre 15 de abril e 11 de maio de 2025.
Um alívio para poucos e uma aposta arriscada para muitos
Muitos trabalhadores, especialmente os que já acumulam mais de 10 anos na empresa, estão fisicamente desgastados, enfrentando um ambiente cada vez mais precarizado e sonham com a possibilidade de sair. Porém, sabem também que o mercado lá fora está longe de ser acolhedor — especialmente para quem tem 45, 50 ou mais anos e está longe da aposentadoria.
O salário atual dos Correios, mesmo com perdas acumuladas, ainda é superior a muitas vagas oferecidas atualmente no setor privado, sem falar nos benefícios como plano de saúde, vales e estabilidade relativa. Entrar no PDV, para esses trabalhadores, pode parecer uma saída — mas, sem planejamento e sem garantias, pode se transformar numa armadilha.
Falta de verba suspendeu PDV anteriormente
É importante lembrar que, recentemente, o PDV havia sido suspenso por falta de recursos financeiros. Isso ocorreu porque muitos empregados optaram por receber o Incentivo Financeiro (IF) à vista, o que comprometeu o orçamento inicial de R$ 400 milhões reservado junto à Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST).
Sem verba suficiente, a empresa não conseguiu manter os pagamentos programados para os que optaram pelo parcelamento. Agora, com novo fôlego no caixa, os Correios retomam o programa, oferecendo diferentes modalidades de recebimento do IF:
- 96 parcelas, por ordem de inscrição;
- 48 parcelas, por ordem de inscrição;
- 24 parcelas, por ordem de inscrição;
- 12 parcelas, por ordem de inscrição;
- À vista, por ordem de inscrição.
Esse escalonamento mostra que, mesmo com recursos disponíveis, o desligamento será feito de forma gradual, priorizando as opções com menor impacto financeiro para a empresa.
Reflexão necessária: quem vai cuidar de quem sai?
Embora não esteja pressionando diretamente os empregados a aderirem ao PDV, a reabertura do programa sem políticas claras de reinserção profissional ou apoio pós-desligamento levanta um questionamento legítimo: quem cuida de quem sai?
É necessário que os Correios tratem esse processo com responsabilidade social, oferecendo orientação, apoio e, sobretudo, segurança para que os trabalhadores façam uma escolha consciente. Afinal, desligar-se da empresa não pode ser apenas uma decisão por esgotamento físico ou emocional — deve ser um passo planejado e seguro.
0 Comentários