Primeira Hora EXTRA expõe o roteiro de reestruturação dos Correios: o que a categoria precisa saber agora

O Primeiro Hora EXTRA divulgado nesta quinta-feira (20/11) não é apenas mais um boletim interno. Ele é um recado claro da direção: o Plano de Reestruturação dos Correios está aprovado pelo Ministério da Fazenda e já está em andamento. Para os trabalhadores, isso significa atenção redobrada.


1. A mensagem central: “o plano está aprovado e já começou”

O comunicado afirma que o Ministério da Fazenda autorizou o Plano de Reestruturação e que a empresa enfrenta um cenário de forte queda de receitas, custos crescentes e perda de espaço no mercado de encomendas. Essa abertura busca criar a sensação de que não há alternativa, justificando medidas duras e imediatas.

Nada mais tradicional na comunicação empresarial do que inflar a crise para torná-la “necessária”. Os Correios já sobreviveram a crises - e quem salvou a empresa foi sempre o trabalhador, não um power point dourado.


2. As três fases do plano - e o que elas realmente significam

A direção organiza o projeto em três estágios:

Fase 1 — Estabilizar

Revisão de contratos, reforço de controles, regularização de pagamentos, foco na regularidade das entregas.

Na prática: aperto operacional, revisão de rotinas, cortes pontuais e maior pressão nas unidades.

Fase 2 — Reorganizar e modernizar (2026–2027)

Redução de despesas, reorganização de unidades “ineficientes”, automação e ajustes estruturais amplos.

Na prática: risco de fechamento de unidades, redistribuições forçadas e substituição de mão de obra pela automação.

Fase 3 — Preparar o crescimento (a partir de 2027)

Parcerias, tecnologia de ponta, novo modelo de negócio.

Na prática: parcerias que podem abrir caminho para privatização branca e perda de protagonismo público da estatal.


3. O discurso da diretoria: firmeza com verniz de diálogo

O comunicado insiste que a diretoria está empenhada, que o plano é robusto e que a transparência será prioridade. No entanto, o próprio texto revela que “já estão em andamento”, sem participação dos trabalhadores ou das entidades representativas.

Nada mais moderno que prometer diálogo depois que tudo já foi decidido. Uma prática antiga com roupa nova.


4. A responsabilização dos empregados: “a virada depende da atitude de cada um”

O texto joga sobre os trabalhadores a responsabilidade pelo sucesso da reestruturação. É como se dissesse: “Se der certo, foi o plano. Se der errado, foi você.”

Esse tipo de narrativa é velho conhecido de quem viveu os anos 80 e 90 nas estatais: quando aperta, a conta sempre vem para o pessoal da base.


5. Pontos de alerta sindical imediato

O comunicado não fala abertamente, mas deixa sinais fortes. Entre os pontos de atenção estão:

  • Possível fechamento ou fusão de unidades com “baixa eficiência”;
  • Crescimento da automação e redução de postos de trabalho;
  • Mudanças no Postal Saúde;
  • Reorganização de contratos que costuma abrir portas para terceirização;
  • Parcerias estratégicas com grandes empresas privadas, que podem gerar dependência operacional;
  • Aumento de pressão por produtividade e metas.

6. O sentido político do plano: o velho roteiro de desmonte

Ainda que o texto evite qualquer menção à palavra “privatização”, a estrutura apresentada segue o mesmo roteiro aplicado em vários países:

  1. Enxuga
  2. Reorganiza
  3. Moderniza
  4. Abre parcerias
  5. Prepara para mercado

É a lógica clássica de transformar uma empresa pública em “empresa atraente para investimentos”. Quando vemos automação acelerada, corte de unidades, revisão de contratos e abertura a plataformas privadas, o final dessa novela já é conhecido — e não costuma ser feliz para os trabalhadores.

Leia Mais no Blog Parceiro: Correios do Brasil Funcionários - Primeira Hora Extra (20/11/25) 


A luta começa agora

O Primeira Hora EXTRA tenta trazer segurança, mas revela um plano já em curso, com impactos pesados e riscos sérios para o modelo público dos Correios. Cabe à categoria, às entidades sindicais e a todos que defendem uma estatal forte e socialmente relevante acompanhar cada passo dessa reestruturação.

Porque, como sempre foi — dos tempos dos malotes aos tempos do Sedex —, quem sustenta essa empresa é o trabalhador.

✍️ Por Junior Solid

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