Vitória ou Derrota.

Vitória ou Derrota.
Estamos de volta na área, mesmo com limitações técnicas (te vejo nos tribunais Oi) mas o trabalho não pode parar. Conversando com meu chefe, editor, diagramador, pesquisador, carteiro e corintiano JC fiquei de escrever os textos e enviar assim que possível. Já que a Dell resolveu colaborar e finalmente concertou 1 dos notebooks (tempos difíceis esses) vamos ao que interessa.

Todos sabem o resultado no TST. Nesses 90 dias sem net em casa acompanhei tudo pelo smarthphone e o sofrível acesso 3G (eu já disse que odeio a Oi???). Muita gente questionou porque abandonei o discurso de que houve erro de interpretação logo no dia do julgamento do TST sendo realizada pela FENTECT para apoiar o discurso de que a greve era o caminho correto e justa. Explico agora o que eu sempre disse a todos: existia uma fundamentação anterior pautada pela ministra Kátia. Nela, dava a entender que a ECT não poderia sequer mudar ou inserir pessoas jurídicas, que não fosse ela mesma, na gestão do plano. Mas, no ano de 2013 o ministro Ono aprofundou essa questão no julgamento de dissídio e foi voto ganhador na disputa entre as justificativas. A jurisprudência como era defendida pelo movimento sindical perdeu a votação por 5 a 4. Era isso o que existia até antes do inicio da greve. Uma fundamentação contrária aos trabalhadores e uma anterior menos ruim.


E para o que serve a greve então? Para levar a sociedade, políticos, patrões e mandatários de forma geral (incluídos aqui o judiciário) a se sensibilizarem (seja por prejuízos financeiros ou por entendimento de melhor caminho) de que a vontade dos trabalhadores é a melhor opção a ser seguida. E qual vinha sendo a vontade expressa em todo movimento sindical? Contrariedade a mudança da entidade gestora do plano de saúde. Todos disseram ser contra mas cada 1 tomou a providência que achou mais "certa para o momento". Cada 1 seguiu o seu caminho.

Os caminhos para a derrota.


Nessa parte do texto vou ter de retornar ao passado recente. Na greve de 2012, a ECT usou o mesmo argumento de que era de poder da empresa mudar o plano de saúde. Sim meus caros, o argumento foi idêntico, sem tirar nem por 1 vírgula sequer. Mas na época os trabalhadores do Brasil inteiro foram a greve. Voltando um pouco mais no tempo todos sabem que os grupos de diferentes sindicalistas não se entendiam mais de maneira alguma dentro da FENTECT o que culminou na saída dos que viriam a formar os sindicatos unificados, representados no ano de 2012 como parte interessada no processo (litisconsorte passivo). Porém, independente de não estarem mais na FENTECT foram para a greve no mesmo momento em 2012, juntando forças. Naquele ano, conseguimos adiar as alterações no plano de saúde pois, por um erro estratégico, ao invés de ser apresentado pela empresa todo o plano de alteração a ECT quis um cheque em branco assinado pelo movimento sindical para mudar o que quisesse. Como resposta ao poder da greve o judiciário determinou para a ECT que esta não poderia abusar do poder de alterações, que esta deveria discutir em mesa partidária mudanças no plano de saúde. Este poder dado aos trabalhadores (que foi lido de forma equivocada pelos louco de sempre) foi somado ao que já tínhamos na clausula 11 pela luta, tornando menos incompleto o texto de nosso direito ao plano de saúde. Mas não totalmente. De lá pra cá foram agravados os caminhos da derrota.

Cada grupo sindical que já vivia desunido, agravou ainda mais a desunião considerando a si mesmos como suficientes salvadores do mundo. Em que pese a liberdade de defender ideias diferentes, observamos durante todo o ano de 2013 o foco das discussões em cada grupo tentar mostrar como eram mais fodões que os outros, preferindo gastar tempo e recursos atacando seus inimigos sindicais do que defendendo as ideias que eram iguais entre os grupos. A FINDECT lançou uma proposta de ACT da qual gostei muito, a FENTECT se concentrou em lançar "uma proposta diferente da FINDECT" (eu estava lá e acompanhei tudo), dentro mesmo da própria FENTECT foi gerado um racha nunca visto antes, somente superado pelo racha de agora nesta greve de 2014. Metade da FENTECT queria uma proposta de ACT moderada e metade queria o pacotão do mundo ideal. No fim ficou uma bizarrice sem sentido fruto da falta de diálogo.

Lembram que eu disse que cada um pode defender ideias diferentes? Ok, joinha e perfeito. Mas isso não dá o direito aos grupos sindicais cuspirem uns na cara dos outros se achando Os Super Heróis. Os primeiros a tomar na cara foram a FINDECT pois foram categóricos ao dizer que era possível conseguir um bom ACT com uma boa negociação e com greve caso necessários desde que a FENTECT não atrapalhasse, mas só conseguiram alguns poucos avanços de direitos e promessas não expressas no ACT quanto a segurança do plano de saúde. Ou seja, se comparados aos bancários, petroleiros, professores a nível nacional e outras categorias regionais como rodoviários, metroviários e mais recentemente os garis conseguiram acordos piores que estas categorias. Foi o que deu pra conseguir, a sentença normativa recente. Depois foi a vez  da articulação sindical e seus grupos satélites. Dizendo estar defendendo a categoria e agindo em favor dela se reúnem em mesas de negociação permanente (MNNP) para conquistar direitos aos trabalhadores sem a presença de metade da FENTECT. Dizendo eles, é possível negociar com a ECT ganhos aos trabalhadores mesmo sem a presença de metade da FENTECT em mesa pois detêm maioria dos trabalhadores representados.

Resultado: alguns acordos pequenos, completa imobilidade de ação quanto aos problema gerados pela mudança no plano de saúde e completa falta de poder para ser contra o PCCS apresentado com o cargo amplo pela ECT. Novamente, não chegou sequer perto das grandes conquistas já alcançadas em greves por nossa categoria como os 30%. Por fim agora temos a outra metade da FENTECT, os ditos revolucionários. Notaram que eles discordaram dos métodos dos outros grupos? Pois é, assim como os outros grupos da FINDECT e da Atuação Sindical (nome dado ao grupo de PTistas reunidos na ECT) foi a vez dos revolucionários terem o momento de provar que são Super heróis. Escolheram o caminho consagrado da greve, que sempre trás grandes vitórias aos trabalhadores. Chamaram a todos do país para essa batalha e ao não serem atendidos no chamado disseram "que se dane, nós somos fortes, os trabalhadores guerreiros tem poder e vamos usar a ferramenta correta para vencer contra a empresa". O resultado todos também conhecem: somente uma parte dos trabalhadores seguiu em greve e por ter tido baixa adesão não teve força suficiente para mudar nada. Absolutamente nada. Esses foram os caminhos da derrota até agora que se resumem em uma frase. "Egos super inflados, que não conseguem se entender com seus irmãos sindicalistas, acham que podem seguir resolvendo tudo sozinhos mas no fim não conseguem quase nada por serem fracos desunidos".

Entendam os textos anteriores do blog.


Este blog sempre seguiu a mesma linha. É direcionado aos ECTistas de forma geral mas principalmente aos dirigentes, ativistas e interessados sindicais. Não defendemos aqui a reintegração forçada dos sindicatos para dentro da FENTECT. Pelo contrário cada 1 deve estar com a estrutura sindical que vá funcionar melhor ao seu modelo de trabalho. Forçar todos a ficarem dentro da FENTECT não resolve o problema. Não defendemos que a negociação com a ECT seja impossível ou que seja negociação que está faltando. Pelo contrário é com a ECT que tem de se negociar pois é ela que vai executar os direitos negociados pelos trabalhadores. Não é o capeta quem assina acordos com a empresa e todos os nossos principais benefícios são acordos assinados em negociações. Somente estar lá assinando acordos negociados não resolve o problema. A atuação sindical vive me reclamando de ser ignorada pela direção da empresa, por políticos e pelas centrais sindicais já que eles só representam minoria da FENTECT. Em palavras de vários deles nas conversas em particular, estes são ridicularizados como sendo incompetentes em não ter a maioria folgada na FENTECT. Ir para o confronto direto da greve também não vai resolver nada sozinhos. Hoje o trabalhador acompanha quantos estados, sindicatos e até mesmo se a greve está forte ou não em cidades do país todo. Se 1 grupo somente chama greve nacional e os outros não concordam o Brasil todo fica sabendo. A CTB me reclamou demais disso pois quando eles saíram em greve sem a FENTECT muita gente ficou em dúvida de ir ou não pois os outros estados não estavam juntos, o que levou a uma adesão bem menor do que a imaginada.  Já os revolucionários da FENTECT não conseguiram greve forte pois os outros sindicatos não estavam presentes. A realidade está difícil para todos enquanto os mesmos erros estiverem sendo cometidos. A kripitonita da desunião é poderosíssima contra os super herois.

O que fazer então?


Vou buscar na própria história a resposta. Na greve dos 30% eram essas mesmas pessoas a frente dos sindicatos. Alterados 1 ou outra peça, os grupos sindicais já tinham esses mesmos posicionamentos. Os unificados tinham naquela época o entendimento de que eram fortes como maiores estados mas não estavam sozinhos, a atuação sindical negociava nos bastidores sabendo que todos estariam na greve e os revolucionários mantinham a greve e o fogo da luta de todos acesso pelo país. Não era fácil a convivência, haviam brigas e mais brigas, oposições ferozes entre os grupos mas já deu pra notar a diferença daquele tempo e deste tempo não é? Todos tinham o foco em 1 plano de ação, 1 eixo unificado. Não interessava quem era bonito ou feio, grande ou pequeno, forte ou fraco. Tava todo mundo junto querendo o objetivo final que era o adicional de insalubridade. Era até engraçado pois quando uma comissão chegava em qualquer lugar do país já se sabia que era sobre os 30% dos carteiros. Hoje, infelizmente não conseguimos sequer pedir a mesma coisa ao mesmo tempo. Eu admito que fico irritado porque cada sindicato pede uma coisa diferente e isso atrapalha demais minha vida porque não dá pra apresentar proposta alguma resolvendo tudo. É frustrante conseguir acordos que satisfazem 3 ou 4 sindicatos mas o restante vai lá e bate contra, impedindo os colegas de terem ganhos. Mais ridículo ainda sou eu poder dizer :

"senhores sindicalistas, posso resolver 1 dos principais problemas apresentados por vocês mas neste ano somente é possível resolver 1. Escolham qual dos problemas querem resolvido". 

A resposta? Uma enxurrada de pedidos diferentes ... Então vou ser bem direto: calendário unificado para reuniões e greve nesse ACT 2014, até 3 eixos principais de campanha definidos desde agora (não se consegue entrega pela manhã do dia para a noite) e negociação unificada no período formal com todos os sindicatos do Brasil. As oposições vão continuar existindo, as brigas também e deve ser assim. Ninguém aqui tá pregando a criação da Liga da Justiça no bondoso amor e fraternidade. Estamos aqui no blog dando voz a milhares de brasileiros que querem ver os sindicatos conseguindo se unir para defender os trabalhadores!!

Eu desafio qualquer pessoa de norte a sul deste país a apontar que estejamos errados aqui no blog. A história mostra isso, a realidade é dura e não existe espaço para grupos super heróis. Não vamos desistir de ver a união dos trabalhadores nas negociações e greve do ACT pois este é o único caminho que existe para a vitória.

Wilson Araujo

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