De 17 a 24 de junho, os trabalhadores dos Correios participam do segundo turno da eleição para o Conselho de Administração da empresa. Dois candidatos disputam a vaga de representante dos empregados, um espaço estratégico na estrutura da ECT.

No entanto, apesar da importância da escolha, muitos trabalhadores ainda não conhecem os postulantes ao cargo - e essa invisibilidade levanta uma crítica que se repete a cada eleição: por que os candidatos só aparecem na base em época de campanha?

O que está em jogo?

O Conselho de Administração (CA) é o órgão máximo de governança da empresa. Entre suas atribuições, estão a definição das diretrizes estratégicas, análise de investimentos, planos de reestruturação e decisões que afetam diretamente o dia a dia dos trabalhadores.

Por isso, a presença de um conselheiro que represente de fato os interesses da categoria é fundamental. E é aí que mora a contradição: os trabalhadores são chamados a votar em candidatos que, em sua maioria, não dialogam com a base no cotidiano da empresa.

Quem são os candidatos?

Maurício Fortes Garcia Lorenzo – nº 37

Trabalhador dos Correios desde 1985, começou como bolsista e atuou em diversas áreas técnicas e gerenciais.
Foi conselheiro de administração entre 2018 e 2023, com forte experiência em governança.
Formação de peso: mestrado pela UFBA, MBA pela FGV, certificação pelo IBGC, além de atuação nos conselhos do Postalis e SESI.
Atualmente é chefe da área de Governança Corporativa da ECT
Recebe o apoio da FINDECT e da ADCAP, com campanhas bem estruturadas nas redes sociais e respaldo institucional.

Maurício defende um “Correio moderno e comprometido com os trabalhadores”. Seu discurso é técnico, alinhado com as boas práticas de gestão e com a defesa da estatal pública, mas sua proximidade com os corredores do alto escalão da empresa levanta questionamentos entre parte da base, que pouco o conhece de fato.

Everton Ferreira – nº 34

Carteiro com 19 anos de atuação na empresa, passou pelas funções de supervisor, gestor operacional e setores de inovação.
Defende ser “um ecetista da base” e promete representar com fidelidade o chão da fábrica.
Tem apoio da FENTECT, da ANATECT e de sindicatos locais como o SINTECT-ES.
Sua campanha se apoia fortemente nas redes sociais, com vídeos e falas diretas à categoria, destacando sua experiência prática e o compromisso com os colegas.

Everton aparece como o candidato que “sente na pele” os impactos das decisões do CA. No entanto, também surge apenas agora, em período eleitoral — e pouco se viu dele nos debates mais amplos da categoria até o início da campanha.

A crítica que precisa ser feita

“Como esses caras querem voto da base se não conhecemos eles?”

Essa pergunta representa um sentimento real entre muitos trabalhadores. As campanhas para o Conselho de Administração seguem um padrão já conhecido: os candidatos se tornam visíveis apenas em época de eleição, quase sempre amparados por federações e sindicatos.

Não se trata de desqualificar os currículos, mas de questionar a falta de presença constante nos espaços de diálogo com a base, o que compromete a legitimidade da representação.

Um representante dos trabalhadores deve viver os dilemas da categoria, participar das lutas, ouvir as demandas e prestar contas, e não apenas cumprir um mandato técnico à parte da realidade da maioria.

Comparativo rápido

Critério	Maurício Lorenzo (37)	Everton Ferreira (34)
Experiência na ECT	39 anos (cargos técnicos e gestão)	19 anos (carteiro e gestor operacional)
Formação acadêmica	Mestrado, MBA, certificação IBGC	Não divulgada
Representação anterior	Foi conselheiro da empresa (2018–2023)	Nunca atuou no CA
Apoio	FINDECT e ADCAP	FENTECT, ANATECT e SINTECTs
Proximidade com a base	Questionada	Reivindica ser da base

Como votar?

A votação está aberta de 17 a 24 de junho, até às 17h, exclusivamente pelo site:

👉 http://ca.eleja.com.br

Um voto que pode fazer a diferença

Essa é uma rara oportunidade de eleger alguém que leve a voz dos trabalhadores para dentro de um espaço estratégico. É hora de fazer valer nosso direito de escolha com responsabilidade.

Mas que fique o alerta: a base precisa de mais que campanhas em ano eleitoral. Precisa de representantes que estejam ao nosso lado todos os dias.

✍️ Por Junior Solid

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