Correios e o Sucateamento no Governo Bolsonaro: Como Isso Impactou a Estatal

Os Correios, uma das maiores e mais importantes estatais do Brasil, enfrentam uma crise financeira sem precedentes. Embora muitos fatores tenham contribuído para a situação atual, é inegável que o sucateamento promovido durante o governo Bolsonaro (2019-2022) desempenhou um papel crucial nesse cenário.  

A seguir, analisamos como as decisões dessa gestão enfraqueceram a empresa e o impacto dessas medidas na crise que a estatal enfrenta hoje.  


Cortes e Fechamento de Agências: Menos Atendimento, Mais Dificuldades

Entre 2019 e 2022, os Correios fecharam mais de 161 agências em todo o país como parte de um plano para reduzir custos e preparar a empresa para a privatização.  

  • Impacto direto: Milhares de pessoas em áreas remotas ficaram sem acesso aos serviços postais básicos.  
  • Efeito cascata: Com menos agências, houve uma queda no volume de postagens e receitas.  

Além disso, muitas unidades que permaneceram abertas enfrentaram redução de pessoal e equipamentos defasados, prejudicando a qualidade do atendimento.  


Redução de Direitos Trabalhistas

O governo anterior também promoveu a retirada de mais de 40 cláusulas do acordo coletivo dos trabalhadores, o que afetou:  

  • Aumento de lucro ao gastar menos com o funcionário.  
  • Condições de trabalho, gerando insatisfação e greves frequentes.  

Essas ações desgastaram a relação entre a empresa e seus funcionários, comprometendo a produtividade e a eficiência operacional.  


Falta de Investimentos em Infraestrutura e Tecnologia

Enquanto empresas privadas como Shopee e Mercado Livre investiam pesado em logística e tecnologia, os Correios ficaram estagnados.  

  • Ausência de modernização: Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, não houve investimentos significativos em sistemas de rastreamento, automação de centros de distribuição ou ampliação da frota de veículos.  
  • Competitividade reduzida: Isso deixou a estatal em desvantagem no mercado de entregas, que cresceu exponencialmente com o aumento do comércio eletrônico.  


Privatização: Um Risco para os Correios

Durante o governo Bolsonaro, os Correios foram colocados na lista de estatais a serem privatizadas. Essa decisão trouxe uma série de consequências negativas:  

  1. Desmotivação interna: Funcionários temiam perder seus empregos ou direitos.  
  2. Paralisação de projetos: Planos de expansão e modernização foram adiados, pois a prioridade era "enxugar" a empresa para torná-la mais atrativa para potenciais compradores.  
  3. Desconfiança no mercado: Empresas parceiras ficaram receosas em firmar contratos de longo prazo com uma estatal em processo de privatização.  


A Herança de Dívidas e Passivos

A gestão anterior também deixou uma série de passivos que impactaram diretamente as contas da estatal:  

  • Dívidas com o Postalis, o fundo de pensão dos trabalhadores, que totalizam mais de R$ 7,6 bilhões.  
  • Processos trabalhistas acumulados que não foram adequadamente provisionados, resultando em prejuízos milionários.  


Consequências da Gestão Bolsonaro nos Correios

Ao final de 2022, os Correios apresentaram prejuízo de R$ 824 milhões, muito disso como reflexo do sucateamento e da falta de planejamento estratégico durante os anos anteriores.  

  • A atual gestão herdou um cenário de infraestrutura defasada, funcionários desmotivados e redução de receitas, que só piorou com os desafios econômicos de 2024.  


Como Reverter o Cenário?  

Apesar dos problemas herdados, é possível reconstruir os Correios e torná-los competitivos novamente. Algumas ações prioritárias incluem:  

  1. Investir em tecnologia e infraestrutura para modernizar as operações e melhorar o atendimento.  
  2. Lançar um marketplace próprio, aproveitando a maior rede logística do país para competir com gigantes como Shopee e Mercado Livre.  
  3. Fortalecer o diálogo com os trabalhadores, valorizando os profissionais e restaurando direitos cortados.  
  4. Expandir os serviços oferecidos, como logística para setores específicos, banco digital e seguros.  


Conclusão: Os Correios São um Patrimônio Nacional

Os Correios sempre foram mais do que uma empresa; são uma instituição que conecta o Brasil de ponta a ponta. Porém, as decisões equivocadas e a falta de investimentos durante o governo Bolsonaro colocaram a estatal em uma situação delicada.  

Agora, é essencial que a recuperação seja conduzida com responsabilidade, focando na inovação e no fortalecimento do papel social da empresa. Com planejamento e compromisso, os Correios podem voltar a ser um exemplo de eficiência e qualidade.  


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1 Comentários

  1. Eu trabalhei 39 anos nos Correios. Me aposentei em 2016. Quando o Governo Boi Sonaro comecou a atacar os Correios, fiquei muito preocupado.

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