A indignação cresce entre os trabalhadores dos Correios após nova nota da empresa
A nova nota divulgada pelos Correios, marcando as próximas reuniões de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT 2025/2026) apenas para os dias 28, 29 e 30 de outubro, acendeu o alerta entre os trabalhadores. Enquanto a categoria esperava avanços e posicionamentos concretos, a empresa decidiu adiar o diálogo, em um momento de incertezas e desconfiança.

Para muitos, essa decisão representa mais uma forma de ganhar tempo e controlar a narrativa, mantendo o processo moroso e a base cada vez mais distante das discussões reais.
Um cenário de crise e lentidão
É fato que a empresa atravessa uma situação financeira complicada. O sucateamento estrutural, a falta de investimentos em tecnologia, a perda de contratos importantes e a má administração vêm comprometendo o funcionamento da estatal. Para muitos trabalhadores, isso faz parte de um processo de enfraquecimento gradual, preparando o terreno para uma possível privatização.
Mesmo diante desse cenário, o que causa maior incômodo é o silêncio das direções sindicais e federações. O discurso de “cautela e responsabilidade” soa vazio diante da falta de comunicação com a base e da ausência de assembleias abertas. Enquanto isso, a empresa continua controlando o fluxo de informações, divulgando notas oficiais e atualizações até mesmo em seu blog institucional, onde os próprios trabalhadores precisam buscar notícias sobre suas negociações.
Informação é poder — e a empresa detém esse poder
Em um momento decisivo como este, a informação se tornou uma ferramenta de poder. E, neste caso, é a empresa que controla a narrativa. Os sindicatos e federações têm se mostrado pouco ativos nas redes sociais, sem atualizações consistentes sobre o andamento do ACT. Assim, os trabalhadores acabam se informando diretamente pelo blog dos Correios, onde o discurso é, naturalmente, favorável à administração.
O resultado é preocupante: a comunicação da empresa substitui a voz da categoria, e as entidades representativas perdem espaço, credibilidade e protagonismo.
Falta de transparência e o sumiço das ATAs
Outro ponto sensível é a falta de transparência nas negociações. As ATAs das reuniões entre a empresa e as federações não são divulgadas. Poucos se lembram de procurá-las — e os que tentam, raramente encontram. Essa falta de acesso gera a sensação de que as conversas acontecem em bastidores fechados, longe do olhar da base.
Transparência deveria ser o primeiro compromisso de qualquer negociação coletiva. Sem ela, o processo deixa de ser democrático e passa a parecer uma decisão de gabinete.
A base quer ser ouvida
Mesmo sem proposta econômica, as assembleias precisam acontecer. Elas são o instrumento legítimo de participação dos trabalhadores e permitem discutir cada tema de forma aberta.
Um exemplo claro é a proposta da escala 12x36, apresentada durante as tratativas. A Findect afirmou que iria analisar, mas sem consultar diretamente a base. Na Fentect, alguns diretores se mostraram contrários, mas novamente a categoria ficou sem voz.
Negociar sem ouvir quem vive a rotina nas unidades é um erro — ainda mais agora, quando o volume de trabalho está baixo e há tempo para organizar mobilizações, debates e encontros presenciais. O que falta não é tempo: é vontade política e transparência.
Greve, estado de greve e o poder da mobilização
A empresa diz não ter recursos para apresentar reajustes e avança lentamente nas discussões. Mas isso não justifica a passividade. Greve total talvez não seja o caminho, mas um estado de greve e mobilização permanente pode ser o caminho mais inteligente para pressionar e acelerar as negociações.
Se os sindicatos acreditam que uma greve não fará o governo devolver os R$ 6 bilhões retirados dos cofres da empresa, então o que vai mudar essa realidade? Esperar de braços cruzados certamente não.
Falta de oposição e o perigo dos extremos
Outro problema é a falta de oposição sindical equilibrada. Em muitos locais, a oposição praticamente desapareceu, e onde ainda existe, acaba adotando discursos tão radicais que afastam os próprios trabalhadores. Sem uma oposição forte e responsável, as direções sindicais ficam confortáveis, sem serem cobradas pela base.
Precisamos de uma oposição construtiva, firme e transparente, que defenda os trabalhadores sem radicalismos, mas também sem submissão.
É hora de mostrar presença
A base precisa retomar o protagonismo. Mesmo com o volume de trabalho atual mais baixo, há espaço para reflexão e mobilização. Os trabalhadores precisam acompanhar cada passo das negociações, cobrar informações, exigir atas e se manter atentos às decisões tomadas em seu nome.
Mais do que nunca, é hora de mostrar que a categoria está presente, consciente e unida.
Conclusão
A decisão de empurrar as reuniões do ACT para o final do mês mostra um jogo de tempo e controle de narrativa. A empresa domina a comunicação, os sindicatos se calam e a base fica sem respostas. Mas a força dos Correios sempre veio de seus trabalhadores — e é deles que deve vir também a pressão por transparência e respeito.
Se informação é poder, está na hora de reconquistar esse poder e recolocar a voz dos trabalhadores no centro da negociação.
🗣️ E você, trabalhador dos Correios, como avalia esse cenário?
Deixe sua opinião nos comentários e participe da discussão — porque a luta só faz sentido quando é construída com todos.
✍️ Por Junior Solid
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