Nos dias 10 e 11 de setembro de 2025, ocorreram duas importantes reuniões entre a direção dos Correios e as federações sindicais. Esses encontros mostraram avanços no debate sobre a manutenção de cláusulas sociais e condições de trabalho, mas também revelaram pontos polêmicos que precisam ser enfrentados com firmeza pela categoria.
📌 10/09 – Presença do presidente e discurso de crise
Na primeira reunião, a presença do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, chamou a atenção. Geralmente, a cúpula máxima da empresa não participa diretamente das mesas, o que demonstra que a pressão sindical e o cenário atual exigem respostas mais claras da gestão. Ao lado de diretores e superintendentes, Fabiano apresentou um quadro preocupante das finanças da estatal.
Segundo ele, os Correios vivem o momento mais difícil de sua história, marcado por queda na arrecadação, alta concorrência no setor de entregas e desafios para manter a sustentabilidade da empresa. O dirigente tentou equilibrar o discurso entre a gravidade da situação e a necessidade de união, pedindo “resiliência” e engajamento de todos.
Esse tipo de fala, no entanto, precisa ser analisado com cautela. O uso constante da narrativa da “crise” pode servir como justificativa para limitar avanços nas negociações coletivas. Embora o presidente tenha respondido a perguntas e sugestões apresentadas pelos representantes sindicais, não houve anúncios concretos de melhorias. O foco principal esteve em reforçar que, para a empresa, o caminho é a contenção de gastos e a busca por resultados financeiros.
📌 11/09 – Propostas de manutenção e novos riscos
Na segunda reunião, a direção dos Correios apresentou propostas mais objetivas, especialmente em relação às cláusulas sociais e às condições de trabalho.
No campo das cláusulas sociais, a empresa propôs a manutenção de 20 dos 22 itens atualmente em vigor. Esses itens tratam de diversidade, inclusão, direitos humanos e garantias específicas para as mulheres ecetistas, o que representa um ponto positivo, já que preserva conquistas históricas da categoria. Contudo, duas alterações chamam atenção: a da Associação Recreativa dos Correios (ARCO) e a da licença-paternidade. Ainda não está claro se essas mudanças implicam redução de direitos ou simples ajustes de texto, mas é fundamental que as federações fiquem vigilantes para evitar retrocessos.
Nas condições de trabalho, a empresa sinalizou a manutenção de 5 das 7 cláusulas, incluindo temas importantes como frota operacional, inovações tecnológicas, jornada de trabalho em agências, uso de terminais computadorizados e segurança. Apesar disso, dois pontos foram deixados de lado e transferidos para discussão futura: a distribuição domiciliária e o redimensionamento de carga. Estes são assuntos centrais para os trabalhadores, sobretudo os carteiros, pois mexem diretamente na rotina de entregas e na carga de trabalho. Qualquer mudança nesse campo pode representar sobrecarga física, piora nas condições operacionais e enfraquecimento do papel social dos Correios junto à população.
⚠️ Os pontos polêmicos que exigem atenção
O primeiro ponto de alerta surgiu com a proposta de introdução da jornada 12×36 na distribuição. Esse modelo, já aplicado em outras categorias, significa que o trabalhador atua 12 horas seguidas e folga nas próximas 36 horas. No entanto, para a realidade da distribuição postal, essa escala é perigosa. Ela pode gerar jornadas excessivas, desgaste físico elevado e até comprometer a saúde dos ecetistas. Além disso, cria brechas para flexibilizações ainda maiores, que podem abrir caminho para a precarização do trabalho. O fato de a empresa apresentar esse ponto como “sugestão” já acende um sinal vermelho, exigindo que a categoria rejeite firmemente qualquer tentativa de implantar essa escala.
Outro tema sensível é a distribuição domiciliária. Os Correios são reconhecidos historicamente por levar correspondências e encomendas até a porta das casas, cumprindo uma função social essencial. Caso a empresa insista em reduzir esse serviço, quem perde não são apenas os trabalhadores, mas também a população, que deixará de receber a universalidade do atendimento. Da mesma forma, o redimensionamento de carga preocupa, pois pode ser usado como justificativa para aumentar o volume de entregas por trabalhador, sem a devida compensação salarial ou estrutural, elevando a sobrecarga física e os riscos à saúde.
📌 Mobilização é fundamental
Apesar de a direção sinalizar a preservação da maioria das cláusulas sociais e de condições de trabalho, a forma como conduz o debate mostra que nada está garantido. Ao condicionar a manutenção dos direitos já conquistados à assinatura do ACT 2025/2026, os Correios transformam aquilo que é conquista permanente dos trabalhadores em moeda de troca para acelerar o fechamento do acordo.
Por isso, a categoria precisa estar atenta e mobilizada. O movimento sindical tem a responsabilidade de esclarecer cada ponto, denunciar riscos e fortalecer a luta coletiva. As próximas reuniões, já marcadas para os dias 30/9, 1 e 2/10, serão decisivas para definir se o ACT 2025/2026 representará a preservação real das conquistas ou se abrirá espaço para retrocessos.
A palavra de ordem, neste momento, é clara: nenhum direito a menos!
✍️ Por Junior Solid
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