O governo Lula anunciou a escolha de Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil, para a presidência dos Correios. A indicação tem aval da Casa Civil e já desperta preocupações entre os trabalhadores da estatal. Isso porque Rondon vem de uma instituição marcada por reestruturações e cortes de pessoal, e há o risco de que a mesma lógica seja aplicada aos Correios.
A substituição acontece após o pedido de demissão de Fabiano Silva dos Santos, em julho, e em meio a pressões políticas entre PT e União Brasil pelo controle da empresa. Mas, além das disputas partidárias, o ponto central que preocupa a categoria é o rumor de cortes em massa, algo já ventilado pelo ministro Rui Costa (Casa Civil), que em 2025 cogitou a demissão de 10 mil empregados como forma de “enxugar a folha” da estatal.
O histórico em outras estatais
A experiência recente mostra que cortes quase nunca se traduzem em ganhos reais para os trabalhadores.
- Banco do Brasil: vários planos de demissão voluntária (PDVs), fechamento de agências e sobrecarga de quem ficou.
- Caixa Econômica Federal: PDVs sucessivos e pressão por metas inatingíveis, com aumento de adoecimento físico e mental.
- Petrobras: terceirizações em massa e venda de ativos, gerando perda de direitos e instabilidade.
- Correios no governo Temer/Bolsonaro: PDVs, fechamento de agências e redução de mais de 30 mil empregados em poucos anos.
Em todos esses casos, os cortes foram acompanhados de sobrecarga, queda na qualidade dos serviços e precarização do trabalho.
O drama do trabalhador dos Correios fora da empresa
Os empregados dos Correios vivem uma situação particular. O último concurso para carteiros e atendentes foi realizado em 2013. Desde então, a categoria envelheceu: a maioria já passou dos 40 anos, muitos enfrentam limitações físicas após décadas de esforço intenso, além de sequelas psicológicas de assaltos e da pressão cotidiana.
No mercado privado, as oportunidades para quem tem apenas ensino médio e idade mais avançada são escassas e mal remuneradas. Enquanto nos Correios ainda há estabilidade relativa, plano de saúde, vale-alimentação, 13º salário e aposentadoria garantida, fora da estatal os salários dificilmente passam de R$ 1.500 a R$ 2.000, sem benefícios.
Sair dos Correios hoje, especialmente sem um PDI justo, significa cair na precarização.
A “modernização” que empurra para a uberização
Um risco ainda maior é a substituição do trabalho formal dos Correios pela lógica das grandes plataformas de entrega. O setor de logística privada vive hoje a chamada “uberização”:
- Sem 13º, férias ou FGTS.
- Sem perspectiva de carreira: o entregador nunca sobe de cargo, apenas trabalha mais horas para tentar ganhar um pouco mais.
- Sem segurança: em caso de acidente, não há salário, plano de saúde ou indenização. O trabalhador fica dependente da ajuda de familiares.
- Instabilidade total: algoritmos e metas definem ganhos semanais, que variam conforme a demanda.
Comparar isso ao emprego nos Correios é suficiente para mostrar o tamanho do abismo.
Por que lutar é essencial
Diante desse cenário, a luta contra cortes é uma luta pela sobrevivência digna da categoria. Não se trata apenas de proteger empregos, mas de evitar que milhares de famílias sejam jogadas na precarização, sem direitos e sem futuro.
Caso o governo insista em reduzir o quadro, a categoria precisa lutar para que isso ocorra apenas por meio de um PDI justo, com indenização adequada, extensão de benefícios e garantias mínimas para quem decidir sair.
O futuro dos Correios e de seus trabalhadores está em jogo. A escolha de um presidente de perfil técnico pode até sinalizar uma gestão mais eficiente, mas não pode ser usada como pretexto para desmontar a estatal e precarizar milhares de vidas.
✍️ Por Junior Solid
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