O Fim do Monopólio Postal é o Fim do Serviço Universal no Brasil?

Um projeto que pode deixar o Brasil desconectado

A proposta de quebra do monopólio postal dos Correios está em tramitação no Congresso Nacional. Embora apresentada como modernização ou abertura de mercado, na prática essa mudança coloca em risco o serviço postal universal — um direito garantido hoje a todo cidadão brasileiro, independentemente de onde ele more.


Correios: presença onde ninguém mais quer estar

Os Correios são responsáveis por entregar correspondência e encomendas em 100% dos mais de 5.500 municípios do Brasil, incluindo regiões rurais, áreas ribeirinhas, distritos afastados e locais de difícil acesso. Segundo dados internos, mais de 5.000 desses municípios operam com prejuízo. Isso quer dizer que o serviço só se mantém graças aos lucros obtidos em grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília.

Empresas privadas, ao entrarem nesse mercado, não terão obrigação legal de atender essas regiões. Elas buscarão apenas os trechos rentáveis. Resultado? Milhões de brasileiros ficarão sem acesso ao correio — um serviço essencial para o recebimento de documentos, produtos e até remédios.


O que acontece nas tragédias? Os Correios não param!

Além da presença em locais onde ninguém quer ir, os Correios têm um histórico exemplar de atuação durante emergências e desastres:


Enchentes no RS (2024)

Mais de 15 mil toneladas de doações foram recebidas, transportadas e distribuídas gratuitamente pelos Correios. Uma megaoperação logística foi montada em tempo recorde, sem custo ao governo e à população.


Pandemia de COVID-19

Durante o período crítico da pandemia, os Correios foram considerados operadores logísticos essenciais, garantindo a entrega de equipamentos médicos, vacinas e testes, mesmo com parte da equipe afastada.


Brumadinho, Mariana e tragédias em Minas Gerais

Em todas essas ocasiões, os Correios atuaram no transporte solidário de donativos e comunicação emergencial, muitas vezes sendo o único elo entre as famílias e o mundo exterior.


Esse tipo de compromisso não pode ser replicado por empresas privadas, cujo foco está nos lucros e não no socorro social.


O exemplo que vem de fora: fracassos internacionais

A quebra de monopólio ou privatização total dos serviços postais em países como Argentina, Reino Unido, Alemanha e Chile levou ao abandono do serviço universal, aumento de tarifas, demissões em massa e precarização das condições de trabalho dos carteiros.

No Brasil, o risco é ainda maior, dado o tamanho territorial, as desigualdades regionais e a falta de infraestrutura em muitas áreas.


Privatizar para quem?

Privatizar o serviço postal brasileiro ou quebrar seu monopólio pode beneficiar apenas grandes empresas, mas significará exclusão, abandono e isolamento para milhões de brasileiros.

A manutenção do monopólio postal pelos Correios é uma garantia mínima de dignidade e cidadania para quem mora longe dos centros urbanos. Quebrar esse monopólio é abandonar essas pessoas.


Conclusão: Correios são mais que cartas

Os Correios não são apenas uma empresa — são um instrumento de integração nacional, justiça social e segurança logística. Quebrar seu monopólio é comprometer a coesão do país.

Antes de desmontar essa estrutura, é preciso perguntar: quem vai entregar aquela carta no interior da Amazônia? Quem vai levar um remédio a um idoso num vilarejo de Minas? Quem estará lá quando o país precisar?


✍️ Por Junior Solid

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