O que está por trás da “modernização” das entregas?
No boletim "Primeira Hora Extra" e no FAQ divulgado em 25/07, a direção dos Correios apresenta como grande avanço a nova funcionalidade do SGPD (Sistema de Gestão do Processo de Distribuição), que agora registra via geolocalização os trajetos dos carteiros durante a entrega de objetos.
Na teoria, a ferramenta vem para “proteger o carteiro de reclamações injustas” e “otimizar rotas com inteligência”. Na prática, o receio da categoria é outro: os dados frios do sistema podem virar uma nova forma de pressão e sobrecarga disfarçada de eficiência.
A crítica que a gestão ignora: quem conhece o chão da rua é o carteiro
A fala de muitos trabalhadores é clara e direta:
“Os mesmos carteiros que dizem que, se fizer tudo certo, não terão problemas, serão os mesmos que vão reclamar quando o distrito aumentar por causa do SGPD.”
Essa preocupação é real. Com base na análise do próprio material oficial, destacamos os riscos:
O que o boletim não mostra (mas os carteiros já sabem):
- Aumento de distrito disfarçado de otimização: o SGPD pode funcionar como uma nova SD (Sistema de Distritamento), com base apenas em quilometragem e pontos de entrega. Ladeiras, áreas perigosas, chuvas e o sol escaldante não entram na conta.
- Tecnologia sem alma: o sistema não compreende que não é igual entregar na periferia, em morro, em dia de chuva forte ou com risco de assalto. São aspectos que só quem está na rua entende.
- Dados frios nas mãos da gestão: hoje, os gestores dizem que os dados não serão usados para punição. Mas amanhã? A história mostra que promessas da direção mudam a cada governo ou chefe novo.
- Autonomia sob ameaça: apesar de dizer que o carteiro “continua tendo autonomia”, o SGPD centraliza o controle e permite relatórios detalhados que podem ser usados contra o trabalhador.
Precisamos de garantias reais — e não só discurso
A empresa promete que o sistema não será usado para vigiar nem punir. Mas cadê o acordo coletivo que blinde isso? Cadê a cláusula dizendo que nenhuma rota será ampliada com base exclusivamente nos dados do SGPD?
A transparência só é verdadeira quando há controle social e sindical sobre o uso das informações. O histórico da empresa — especialmente durante o governo Bolsonaro, com ataques como:
- Fim de mais de 50 cláusulas do Acordo Coletivo,
- Tentativa de privatização,
- Retirada de 4 tickets,
- E imposição de sábados sem adicional de 15%,
mostra que qualquer “inovação” sem contrapeso vira opressão disfarçada.
Que tipo de futuro queremos?
Não se trata de recusar a tecnologia. Ela pode somar, desde que não seja usada para punir, sobrecarregar ou justificar cortes. O SGPD pode sim ajudar, mas com diálogo, limite e participação dos trabalhadores na gestão das informações.
Por isso, é papel dos sindicatos:
- Fiscalizar o uso real dos dados do SGPD;
- Exigir acesso sindical ao sistema;
- Garantir cláusulas claras nos acordos coletivos sobre sua aplicação;
- E impedir que “otimização” signifique mais peso nas costas de quem já carrega o Brasil todos os dias.
📣 E você, carteiro, o que está achando dessa nova funcionalidade? Já sentiu mudança na sua rota? Deixe seu comentário abaixo e fortaleça o debate!
✍️ Por Junior Solid
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