Ao longo da história do Brasil, trabalhadores conquistaram importantes direitos por meio de lutas sindicais, mobilizações e avanços políticos. No entanto, essas conquistas têm sido alvo de ataques, especialmente em períodos de governos alinhados ao mercado e contrários à organização dos trabalhadores. Este texto apresenta uma linha do tempo com as principais vitórias da classe trabalhadora e os retrocessos vividos, em especial durante o governo Bolsonaro.
📆 1930 – Criação do Ministério do Trabalho e jornada de 8h
Responsável: Getúlio Vargas
Ideologia: Trabalhismo autoritário com foco nacionalista e popular
Contexto da época:
A Revolução de 1930 rompeu com a velha política das oligarquias. Getúlio Vargas chegou ao poder propondo uma nova ordem social, buscando o apoio da classe trabalhadora para consolidar seu governo. O cenário era de intensas greves, influência das ideias socialistas e anarquistas, e pressão por direitos. Como estratégia de controle e aproximação, Vargas criou o Ministério do Trabalho e começou a regulamentar a jornada de trabalho.
Conquistas:
- Criação do Ministério do Trabalho (1930)
- Jornada máxima de 8 horas diárias (1932)
- Carteira de Trabalho e Previdência Social
- Primeiras normas sobre maternidade e proteção ao menor
Fonte: Fundação Getúlio Vargas – CPDOC
Como está hoje:
A jornada de 8h segue vigente, mas foi flexibilizada pela Reforma Trabalhista de 2017. A carteira de trabalho física deu lugar à digital. O Ministério do Trabalho foi extinto por Bolsonaro e recriado em 2023 por Lula.
📆 1943 – Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
Responsável: Getúlio Vargas
Ideologia: Trabalhismo autoritário e corporativista
Contexto da época:
No auge do Estado Novo, Vargas promoveu a unificação de todas as leis trabalhistas em um só código: a CLT. Inspirada no modelo corporativista europeu, ela visava proteger os trabalhadores, mas também controlar os sindicatos. Apesar das limitações democráticas, foi um marco na institucionalização dos direitos trabalhistas no Brasil.
Conquistas:
- Férias remuneradas de 30 dias
- Descanso semanal remunerado
- Adicional noturno, horas extras, estabilidade
- Criação da Justiça do Trabalho
Fonte: Decreto-Lei nº 5.452
Como está hoje:
A CLT segue como base legal, mas com mudanças profundas após 2017. O trabalho intermitente, a prevalência do negociado sobre o legislado e outras mudanças enfraqueceram sua proteção.
📆 1962 – Criação do 13º Salário
Responsável: João Goulart
Ideologia: Trabalhismo democrático e reformista
Contexto da época:
Jango governava sob forte oposição das elites e militares. Buscando apoio popular e pressionado por movimentos sociais, sancionou o 13º salário em 1962. O objetivo era aumentar o poder de compra dos trabalhadores e fomentar a economia.
Conquistas:
- Salário extra anual para todos os trabalhadores formais
- Pagamento proporcional ao tempo de serviço
Fonte: Lei nº 4.090/1962
Como está hoje:
O 13º continua sendo um dos direitos mais valorizados. É pago em duas parcelas e movimenta o comércio no fim do ano. Propostas para extingui-lo não prosperaram até hoje.
📆 1988 – Constituição Cidadã
Responsável: Assembleia Constituinte
Ideologia: Democrática e popular
Contexto da época:
Após 21 anos de ditadura, o Brasil voltou a ser democrático. A Constituição de 1988 garantiu os direitos sociais e trabalhistas como cláusulas pétreas, incluindo jornada reduzida, licença-maternidade, FGTS, seguro-desemprego e direito à greve. Foi apelidada de “Constituição Cidadã”.
Conquistas:
- Jornada de 44h semanais
- Licença-maternidade de 120 dias
- FGTS, seguro-desemprego e estabilidade na gravidez
Fonte: Constituição Federal de 1988
Como está hoje:
Grande parte dos direitos da Constituição permanece, mas vêm sendo ameaçados por reformas e cortes de orçamento. O direito à greve, por exemplo, sofre com interpretações judiciais restritivas.
📆 2003–2015 – Política de Valorização do Salário Mínimo
Responsável: Governos Lula e Dilma
Ideologia: Esquerda popular e desenvolvimentista
Contexto da época:
Com forte crescimento econômico e políticas de inclusão, o Brasil aplicou reajustes do salário mínimo acima da inflação. Isso valorizou a renda dos trabalhadores e impulsionou o consumo, favorecendo o crescimento interno.
Conquistas:
- Reajustes com ganho real
- Valorização de aposentadorias e benefícios
- Aumento do poder de compra da população
Fonte: Lei nº 12.382/2011
Como está hoje:
A política foi interrompida no governo Temer e ignorada no governo Bolsonaro. Lula retomou a valorização com nova lei em 2023. O salário mínimo em 2025 é R$ 1.502, com novo ganho real previsto.
📆 2017 – Reforma Trabalhista
Responsável: Michel Temer
Ideologia: Centro-direita liberal
Contexto da época:
Após o impeachment de Dilma, o governo Temer implementou a Reforma Trabalhista sob o discurso de “modernização”. A reforma retirou dezenas de direitos, flexibilizou contratos e limitou o acesso à Justiça do Trabalho. Sindicatos foram enfraquecidos com o fim da contribuição obrigatória.
Conquistas (para o mercado):
- Negociado sobre o legislado
- Trabalho intermitente e home office sem proteção
- Limites a indenizações por danos morais
- Dificuldade de acesso à Justiça gratuita
Fonte: Lei nº 13.467/2017
Como está hoje:
A reforma segue vigente. Promessas de geração de empregos não se confirmaram. O número de ações trabalhistas despencou, e a precarização cresceu. O governo Lula estuda rever seus efeitos.
📆 2019 – Reforma da Previdência
Responsável: Jair Bolsonaro
Ideologia: Extrema-direita liberal
Contexto da época:
Com o discurso de combater o déficit fiscal, Bolsonaro e Paulo Guedes aprovaram uma das reformas mais impopulares da história. A reforma aumentou a idade mínima, mudou o cálculo dos benefícios e prejudicou trabalhadores mais pobres e mulheres.
Conquistas (para o governo):
- Idade mínima de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens)
- Fim da aposentadoria por tempo de contribuição
- Redução no valor das aposentadorias
Fonte: Emenda Constitucional nº 103/2019
Como está hoje:
A reforma segue em vigor. Milhares de trabalhadores têm adiado suas aposentadorias. Pressões por uma nova reforma, mais justa e solidária, vêm crescendo entre centrais sindicais e partidos progressistas.
❌ Ataques aos Correios no governo Bolsonaro
Responsável: Jair Bolsonaro e direção da ECT
Ideologia: Neoliberal e privatista
Contexto da época:
Em 2020, durante a pandemia, o governo Bolsonaro retirou cerca de 50 das 79 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho dos Correios. Direitos como vale-cultura, adicional de risco e auxílio-creche foram suprimidos. A categoria fez greve, mas o TST manteve a retirada.
Cláusulas retiradas:
- Auxílio-creche, vale-cultura e adicional de risco
- Licença-maternidade reduzida de 180 para 120 dias
- Fim do reajuste automático e direitos históricos
Fonte: FENTECT, FINDECT, TST
Como está hoje:
O ACT de 2023 recuperou parte das cláusulas. Mas o plano de saúde piorou, com alta coparticipação. Muitos trabalhadores perderam acesso. Vale-cultura e outros direitos ainda não voltaram.
🔚 Conclusão
A história das conquistas trabalhistas no Brasil é marcada por lutas e retrocessos. Cada direito garantido foi fruto da mobilização da classe trabalhadora. Defender esses avanços é essencial diante dos ataques promovidos por governos como o de Bolsonaro, que tentaram desmontar décadas de luta. É hora de conhecer, valorizar e lutar para que esses direitos não sejam apagados.
✍️ Por Junior Solid
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