Motoboys precarizados, concorrência desleal e o risco aos Correios: por que flexibilizar a CLT é retrocesso

A precarização disfarçada de modernidade

Nos últimos anos, assistimos a uma explosão de novas formas de trabalho, impulsionadas por aplicativos como Uber, iFood e empresas privadas de logística. A propaganda é sempre a mesma: liberdade, flexibilidade, oportunidade de ganhar dinheiro rápido. Mas, na prática, o que temos é precarização.

Motoristas e motoboys trabalham sem férias, sem 13º, sem previdência, sem plano de carreira e sem nenhuma proteção em caso de acidente ou doença. Toda a responsabilidade — manutenção de veículos, combustível, seguro e saúde — recai sobre o trabalhador. Enquanto isso, os aplicativos acumulam lucros bilionários sem assumir qualquer risco social.

É nesse cenário que declarações como a da ministra do TST, Maria Cristina Peduzzi, se tornam perigosas. Ao defender “formas de contratação sem a rigidez da CLT”, a ministra, na prática, abre caminho para legitimar a exploração que já vemos nas ruas.


Concorrência desleal contra os Correios

Esse modelo de entrega barata, baseado em mão de obra sem direitos, está criando uma concorrência predatória contra os Correios.

Enquanto empresas privadas podem cobrar fretes baixíssimos, explorando motoboys sem proteção, os Correios precisam respeitar a legislação trabalhista, oferecer benefícios e ainda garantir serviços sociais que nenhuma empresa privada quer assumir:

  • Distribuição de livros didáticos;
  • Entrega de provas do Enem;
  • Transporte de vacinas e medicamentos;
  • Correspondências judiciais;
  • Apoio às eleições em todo o país.

Os Correios não são apenas uma empresa de entregas: são um patrimônio público, social e estratégico para o Brasil. Se forem enfraquecidos por essa concorrência desleal, quem perde não são só os trabalhadores da estatal — é o povo brasileiro inteiro.


O falso discurso da flexibilidade

Defender que a CLT é “rígida” e precisa ser flexibilizada é ignorar sua verdadeira função: proteger o trabalhador do abuso patronal.

A CLT nasceu das lutas sociais e garantiu direitos básicos como férias, 13º salário, jornada limitada e previdência. Esses direitos são o mínimo civilizatório. Retirá-los, em nome de uma suposta modernidade, é voltar atrás na história e empurrar milhões para o trabalho descartável e sem futuro.

O trabalhador de aplicativo não constrói carreira, não tem estabilidade, não tem perspectiva de aposentadoria. É usado enquanto serve e abandonado quando não serve mais. Esse é o futuro que querem vender?


O caminho certo: fortalecer Correios e ampliar direitos

O Brasil precisa de modernização, sim, mas uma modernização com justiça. O que devemos defender é:

  • Fortalecer os Correios como empresa pública, universal e social;
  • Atualizar a legislação para incluir os trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais, garantindo a eles previdência, férias, 13º e proteção contra acidentes;
  • Combater a concorrência desleal, obrigando empresas privadas a respeitarem direitos trabalhistas mínimos.

O progresso não pode vir às custas de vidas descartáveis. Direitos trabalhistas não são obstáculos: são conquistas que garantem dignidade e futuro.


Conclusão

As palavras da ministra Maria Cristina Peduzzi ignoram uma verdade simples: flexibilizar a CLT sem garantias é legalizar a precarização.

Se os Correios forem enfraquecidos por esse modelo predatório, perde o povo, que ficará sem acesso a serviços essenciais; e perdem também os trabalhadores das plataformas, que continuarão presos a um trabalho sem horizonte.

O que precisamos é de um Brasil que valorize quem trabalha, proteja seu povo e preserve empresas estratégicas como os Correios. Retroceder nunca foi solução. O futuro do trabalho tem que ser construído com mais direitos — e não com menos.


✍️ Por Junior Solid

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