Nos últimos dias, circulou internamente um informativo reservado que apresenta o esboço do Plano de Reestruturação 2025–2027. Embora o documento seja de uso interno e não esteja liberado ao público, seu conteúdo permite compreender a direção para onde a empresa pretende caminhar. Nesta matéria, reunimos uma análise didática, clara e crítica — sem expor o documento — para que cada trabalhador saiba o que está por vir.
O cenário que a gestão apresenta: “reconstrução necessária”
A nova gestão afirma que passou os primeiros dois meses realizando um diagnóstico completo da empresa. A narrativa é de que os Correios enfrentam desafios operacionais, financeiros e estruturais que exigem medidas duras, planejadas e contínuas. A mensagem central é simples: a reestruturação não é opcional — é apresentada como indispensável para a sobrevivência da empresa.
Do ponto de vista sindical, essa preparação discursiva costuma ser o primeiro passo antes de medidas que impactam diretamente a vida funcional dos empregados.
Operação, rotas e eficiência: promessas de modernização
A direção destaca mudanças no fluxo operacional, com novos modelos de rotas apoiados em tecnologia — algo descrito como um “GPS logístico” que busca reduzir deslocamentos e aumentar eficiência. A promessa é de expansão gradual, com diálogo, acompanhamento das equipes e participação sindical.
Ponto para reflexão: melhorar rotas é positivo, mas historicamente transformações operacionais costumam significar redução de quadros, aumento de metas e acúmulo de trabalho. O trabalhador deve ficar atento.
A busca urgente por recursos: dependência do Tesouro Nacional
Um dos pontos mais sensíveis é a necessidade de recursos financeiros para estabilizar a operação em 2025 e 2026. A empresa admite que precisa de um volume muito alto de recursos, e que o Tesouro Nacional ainda não aprovou as condições propostas pelos bancos. Ou seja: o plano existe, mas o dinheiro ainda não.
Isso coloca a empresa em um momento de incerteza, que geralmente recai sobre o trabalhador — seja por congelamentos, ajustes ou priorização de cortes.
Metas até janeiro de 2026: foco total nas entregas
A gestão estabelece dois objetivos imediatos: (1) regularizar pagamentos essenciais a fornecedores, para manter a operação estável; e (2) alcançar 95% de entregas no prazo, considerado vital para recuperar grandes clientes. A lógica é: recuperar credibilidade para gerar receita. A dúvida é: que pressão isso irá gerar sobre carteiros, operadores de triagem, atendentes e motoristas?
O trecho mais delicado: mudanças estruturais profundas
Entre 2026 e 2027, o plano prevê transformações que afetam diretamente os trabalhadores. Os principais pontos incluem:
- Revisão completa da estrutura organizacional — mudanças nas funções, processos, alçadas e modelos de gestão;
- Novo PCCS até dezembro de 2026 — medida sensível que pode justificar ajustes e redefinição de salários e carreiras;
- PDV massivo em 2026 e 2027 — previsão de até 10 mil desligamentos em 2026 e mais 5 mil em 2027, com economia projetada a partir de 2027.
Do ponto de vista sindical, esse é o núcleo do projeto: redução em larga escala do quadro de pessoal, com impacto direto na operação e no futuro da empresa pública.
Concurso público: só depois de 2027
O plano prevê convocações somente após 2027, se houver estabilidade financeira. Isso indica que o objetivo imediato é reduzir, não ampliar, o quadro.
Postal Saúde e Postalis: mudanças anunciadas
O informativo projeta revisão do plano de saúde até meados de 2026 e ajustes de governança no Postalis até março de 2026. Sempre que se fala em “modelo sustentável”, na prática costuma significar aumento de custos ou regras mais rígidas.
Rede de atendimento: 1.000 unidades na mira
A partir do segundo semestre de 2026, até 1.000 unidades deficitárias serão avaliadas. Embora o texto fale em “revisão técnica” e afirme que a universalização será preservada, há risco real de fechamento, fusão de unidades ou substituição por alternativas como o Correios AQUI — medidas que reduzem custos, mas precarizam o atendimento.
Modernização e automação até 2030
Se aprovado o financiamento externo, os Correios preveem investimentos em mecanização da triagem, modernização de frotas e digitalização. A automação pode melhorar processos, mas também pode substituir postos de trabalho se não houver política séria de realocação e capacitação.
O apelo final da gestão: união e disciplina
O informativo encerra com um apelo por foco, serenidade e alinhamento da categoria — mensagem típica quando a direção busca aceitação para medidas duras.
O que a categoria precisa levar desta análise
- O plano é amplo, profundo e impactará o dia a dia da empresa.
- Há incertezas financeiras importantes — o sucesso depende de recursos que ainda não foram liberados.
- Haverá mudanças no PCCS, na estrutura organizacional e nos planos de saúde e previdência.
- Um grande PDV está previsto — sinal de redução significativa do quadro.
- A rede de atendimento será reavaliada, com possível impacto em postos de trabalho.
- A modernização chegará, mas seu impacto sobre empregos é incerto.
- A categoria precisa acompanhar tudo com atenção e fortalecer seus espaços de organização e debate.
✍️ Por Junior Solid
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