A direção dos Correios encaminhou, em 1º de dezembro de 2025, a Carta 62324373/2025 – GERT/DEREO à FINDECT (e provavelmente também à FENTECT), anunciando a prorrogação do ACT por apenas 15 dias e convocando para 4 de dezembro a reunião mais decisiva da campanha salarial. Pelo conteúdo e pela forma como os temas foram organizados, está claro: a empresa vai apresentar agora seu pacote completo — duro, agressivo e amarrado à proposta econômica.
Apesar do tom cordial típico desses documentos, a carta deixa evidente que a gestão pretende forçar o avanço das mudanças estruturais, especialmente na distribuição, na carga de trabalho e na jornada.
Narrativa de prejuízo bilionário: o pano de fundo para justificar os ataques
Logo no início, a empresa repete a narrativa que tem sido usada para preparar terreno:
- R$ 10 bilhões de prejuízo em 2025
- R$ 23 bilhões previstos para 2026
Esse discurso aparece exatamente na abertura das negociações decisivas — e serve como justificativa para:
- mudanças de jornada,
- aumento da carga,
- reorganização de rotas,
- retirada de cláusulas históricas,
- e “ajustes” em benefícios.
É um roteiro conhecido: criar uma sensação de crise incontrolável para empurrar mudanças profundas e desfavoráveis aos trabalhadores.
Prorrogação mínima do ACT: pressão total para fechar até 15/12
Os Correios decidiram prorrogar o ACT 2024/2025 somente até 15 de dezembro, excetuando o §2º da cláusula 55 (VA/VR) — alegando que os créditos já foram pagos.
Essa prorrogação tão curta mostra que:
- a empresa quer encerrar a negociação rapidamente,
- pressionar o Comando,
- reduzir a margem de resistência,
- e forçar a aceitação do pacote completo antes do período de festas.
O dado mais grave: proposta econômica apresentada junto com mudanças duríssimas na operação
A carta afirma que, no dia 4/12, serão apresentadas:
- cláusulas econômicas,
- cláusulas de benefícios,
- mudanças na distribuição domiciliária,
- redimensionamento de carga,
- além de devolutivas das cláusulas com divergências.
Ou seja: a proposta econômica virá amarrada às mudanças operacionais.
Esse é o dado mais grave do documento. A empresa está preparando um pacote único, no estilo: “Para ter reajuste e benefícios, aceitem mudanças profundas na operação.”
E quando a empresa junta propostas econômicas + reorganização da distribuição, é porque está preparando:
- mudança de jornada,
- reorganização estrutural,
- redução de quadros,
- rotas maiores,
- e mais metas.
Distribuição domiciliária + Redimensionamento de carga = Sinal claro de ataque ao carteiro
Essas duas expressões, no mesmo parágrafo, significam:
- aumento das rotas,
- fusão de setores,
- mais objetos por carteiro,
- redução do efetivo,
- pressão por produtividade,
- vigilância digital mais rígida.
E, principalmente: preparação do terreno para tentar implantar a jornada 12x36.
Esse modelo já havia sido ventilado em discussões internas, mas nunca formalizado. A carta sinaliza que agora virá de maneira oficial, amarrada à pauta econômica.
12x36: a peça-chave que a empresa deve tentar impor
Com base no histórico recente e na redação da carta, tudo indica que a direção dos Correios tentará apresentar:
- 12x36 para a distribuição,
- com adaptação de rotas,
- realocação de equipes,
- e “modelos de operação” que permitam trabalhar com menos gente por turno.
É a combinação clássica:
- aumento de carga,
- redução de efetivo,
- mais território por menos trabalhadores,
- aumento das metas,
- e jornadas longas que sacrificam saúde e vida pessoal.
Chegou o momento decisivo: a fase de enrolação acabou
Durante toda a campanha salarial, a empresa evitou explicitar seus objetivos mais profundos. Agora, a carta deixa tudo claro:
- o pacote está pronto,
- será entregue inteiro,
- virá com parte econômica + parte operacional,
- e a pressão será enorme até 15/12.
É a ofensiva mais contundente dos últimos anos.
A partir deste momento, sindicatos, delegados, comissões de base e trabalhadores devem acompanhar cada linha da proposta. A empresa está prestes a apresentar mudanças estruturais, e qualquer aceitação precipitada pode comprometer jornada, descanso, saúde, rotinas, VA/VR, gratificações e o futuro do trabalho de distribuição.
Conclusão
A carta 62324373/2025 não é apenas um comunicado formal. É o anúncio oficial de que os Correios vão apresentar um dos pacotes mais duros dos últimos anos, combinando:
- proposta econômica condicionada,
- mudanças na distribuição domiciliária,
- redimensionamento de carga,
- risco real de implantação do 12x36,
- aumento de rotas,
- e redução de quadros.
É hora de atenção máxima. O dia 4 de dezembro pode definir os próximos anos da vida dos trabalhadores dos Correios.

1 Comentários
O que a matéria não falou: Na jornada 12X36 você perde os 200% do domingo, a porcentagem do Sábado e como 12h é a mesma coisa que 8h+4h era como se vc fizesse 4h extra de graça sem perceber. Então, quando vc entra nas 36h de descanso vc já deixou de ganhar tanta coisa que vc mesmo pagou seu próprio descanso. No mês de férias, as 36h totalizam 15 dias que já seriam seu descanso, então vão falar pra vc que vc ganhou 30 dias de férias, mas na verdade 15 dias já eram seus, então no papel vc tira 30 dias mas na prática te "deram" só 15 porque 15 já era seu. Um pacote de maldades
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