Correios sem proposta: federações orientam adiamento da greve e base reage

Os Correios não apresentaram proposta oficial, mas as federações orientaram o adiamento da greve para uma nova assembleia. A combinação de ausência de proposta com orientação de recuo acendeu o alerta na categoria e ampliou a indignação no chão das unidades.

A orientação das federações para que os trabalhadores permaneçam em estado de greve até uma nova assembleia marcada para 23/12 caiu como um balde de água fria em grande parte da categoria. É importante deixar claro desde já: orientação não é decisão. Quem decide se há greve ou não são os trabalhadores, em assembleia soberana.

E o fato central, que precisa ser dito sem rodeios, é este: não existe proposta


O que veio do TST

Segundo as informações mais recentes, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) encaminhou a sugestão de que, nas assembleias realizadas em todo o Brasil, fosse debatida a prorrogação das negociações até o dia 23/12. A avaliação do vice-presidente do TST, ministro Guilherme Caputo, é de que, com mais tempo, as partes poderiam chegar a um consenso.

Essa prorrogação só ocorreria caso as assembleias aceitassem o adiamento mantendo o estado de greve.

Até aqui, já seria uma decisão difícil. Mas o problema se agrava quando se observa o conteúdo — ou melhor, a ausência dele.


O comunicado das federações: silêncio que fala alto

Nos comunicados divulgados pelas duas federações, não há qualquer explicação concreta para o adiamento da greve. O texto se limita a afirmar que o ministro do TST precisaria de mais tempo para formular uma proposta.

Tempo para formular proposta… que não existe.

Esse vazio de informação alimenta a revolta, a desconfiança e o sentimento de que algo está sendo decidido por cima, sem transparência com quem sustenta a empresa todos os dias.


Bastidores de Brasília: quando a política trava o acordo

Segundo fonte do Planalto, a situação é ainda mais grave. Estava tudo encaminhado: a empresa já teria aceitado a proposta construída pelos trabalhadores.

Mas, ao chegar na Casa Civil, veio o veto.

Três ministros do governo Lula teriam dito claramente que a proposta não era aceitável e que não era para assinar acordo nesses termos:

  • Rui Costa
  • Fernando Haddad
  • Esther Dweck

A contradição que revolta

A ministra Esther Dweck é a mesma que, enquanto defendia a gestão de Fabiano, afirmava que estava tudo bem, tudo equilibrado, tudo sob controle nos Correios. Agora, com a saída de Fabiano, o discurso muda radicalmente: de repente, está tudo horrível, a empresa não pode aumentar salários, não pode pagar benefícios e não pode assumir responsabilidades.

Essa mudança de narrativa não convence ninguém no chão da unidade.


Recuo ou traição?

A decisão de adiar a greve já está sendo vista por muitos trabalhadores como traição. E não é sem motivo. Greve não é decisão de federação, nem de diretoria, nem de gabinete em Brasília. Greve é decisão da base.

Quando se tenta empurrar o conflito para depois, especialmente para perto do Natal, o efeito prático é desmobilização.

E isso favorece apenas um lado.


Quando a falta de atitude cobra seu preço

A história do movimento sindical ensina — e ensina duro — que a falta de atitude, somada ao comodismo e até à covardia, só leva a um destino: o fundo do poço.

A greve é a última instância da classe trabalhadora. Ela não é desejada, mas se torna necessária quando não há concessão, respeito ou negociação real.

Lutar com dignidade sempre será melhor do que perder sem lutar. Perder sem ir à guerra é aceitar a derrota antes do confronto.


Sindicatos que não aceitaram o adiamento

Nem todos estão dispostos a aceitar esse erro estratégico. Sindicatos como os do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais já anunciaram que vão chamar a greve.

O dirigente Robson, do Sintect-MG, foi direto e firme:

“Lotar as assembleias e aprovar a greve geral da categoria contra os ataques da direção dos Correios.”


Cinco meses de enrolação e ataques aos direitos

A indignação tem base concreta. A direção da ECT vem enrolando as negociações há mais de cinco meses, tratando os trabalhadores como se fossem palhaços.

Na mesa, o que apareceu foi um pacote de ataques:

  • Retirada dos Correios como mantenedora do plano de saúde;
  • Corte dos 70% de férias;
  • Fim do ticket extra;
  • Ataques à entrega matutina;
  • Nenhuma proposta econômica apresentada;
  • Nenhum compromisso com recomposição da inflação;
  • Nenhum retroativo de salários e tickets.

Não houve acordo. Não houve proposta. E agora querem empurrar a decisão para depois.


Adiar para o Natal é um erro crasso

Transferir uma greve unificada e previamente agendada para o período do Natal é um erro crasso. Isso enfraquece a mobilização e facilita que a empresa avance ainda mais sobre os direitos.

O momento de definir é agora.


A realidade nas unidades: o chão da fábrica fala

Enquanto Brasília enrola e parte da direção hesita, a realidade nas unidades é brutal:

  • Veículos quebrados e sem manutenção;
  • Motos inoperantes;
  • Trabalhadores obrigados a fazer entrega a pé;
  • Falta de higiene nas unidades;
  • Ausência de pessoal de limpeza;
  • Pias em condições nojentas;
  • Falta de copos para beber água.

Essa é a realidade de quem mantém os Correios funcionando. E diante disso tudo, ainda querem paciência, silêncio e adiamento.


O momento é esse

Chega de desrespeito com a nossa categoria.

A decisão não pode ser empurrada. A greve não pode ser adiada por conveniência política. Quem decide é a base.

Agora é hora de lotar as assembleias, olhar a realidade de frente e escolher entre aceitar o ataque ou responder com luta.

A história mostra: quando o trabalhador se levanta, ninguém segura. E quando ele se cala, o preço é sempre alto.


A “proposta” que ninguém confirmou — e que a base rejeitou

É fundamental registrar o fator tempo, porque ele desmonta qualquer tentativa de confundir a categoria depois.

Essa suposta proposta saiu hoje e não foi confirmada oficialmente por ninguém. Tudo indica que ela foi colocada em circulação como um balão de ensaio, apenas para medir a reação da base.

E a resposta foi imediata e inequívoca: a base rejeitou.

O conteúdo divulgado previa:

  • Manutenção da maioria das cláusulas;
  • Reajuste de 5,13% a partir de janeiro, com pagamento somente a partir de abril e retroativo;
  • Reajuste pelo INPC entre julho de 2026 e julho de 2027;
  • Sem ticket peru;
  • Ponto por exceção até julho de 2026;
  • Repouso remunerado de 200% até julho de 2026.

Na prática, trata-se de uma proposta fraca, tardia e cheia de condicionantes, que não recompõe perdas, não garante ganhos reais e empurra qualquer avanço para um futuro distante.

A rejeição da base mostra maturidade e leitura correta do momento: depois de meses de enrolação, isso simplesmente não atende às necessidades da categoria.


A base falou: greve

Para medir o sentimento real da categoria, foi realizada uma enquete no canal de WhatsApp do movimento, também hoje, com uma pergunta direta: o trabalhador dos Correios vai fazer greve?

O resultado não deixou margem para interpretação:

  • SIM: 219 votos (aproximadamente 80%)
  • NÃO: 54 votos (aproximadamente 20%)

Ou seja, quatro em cada cinco trabalhadores que participaram da consulta se posicionaram a favor da greve.

Isso desmonta qualquer discurso de que a base estaria dividida ou insegura. Quando se pergunta diretamente a quem está no balcão, na rua, no CDD e na agência, a resposta não passa por adiamento nem por espera infinita. Passa por luta.


Não é boato que decide, é assembleia

A circulação dessas propostas não oficiais mostra duas coisas: primeiro, que há nervosismo do outro lado; segundo, que a base não aceita qualquer coisa.

Mas é fundamental reafirmar: boato não decide greve. Quem decide é a assembleia, com informação clara, proposta concreta e voto soberano dos trabalhadores.

E até agora, o fato central permanece intacto: não há proposta oficial aceita pela categoria.

O recado da base já foi dado. Agora, resta saber se alguém em Brasília está disposto a ouvir — ou se vai empurrar a categoria para o único caminho que sobra quando o diálogo falha.


✍️ Por Junior Solid

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