Correios suspendem pagamentos com cartão e serviços digitais após investigação com fintech ligada ao PCC

Os Correios anunciaram, no dia 3 de setembro de 2025, a suspensão dos pagamentos com cartão de crédito e débito, além de postagens pelo site e aplicativo, por tempo indeterminado. A partir de agora, os serviços só podem ser realizados presencialmente nas agências e pagos exclusivamente por meio do Pix, que permanece como a única forma de pagamento aceita.

Esse anúncio pegou de surpresa milhões de clientes que dependem dos serviços digitais da estatal, principalmente pequenos comerciantes e trabalhadores autônomos. Para quem organiza envios em grande volume, a plataforma online era essencial, pois permitia calcular fretes, gerar etiquetas e agilizar despachos sem a necessidade de enfrentar filas. Agora, tudo precisa ser feito manualmente, diretamente nas agências, o que aumenta a burocracia, gera atrasos e compromete a logística de muitas empresas.


O que motivou a suspensão

O motivo da interrupção está ligado ao encerramento do contrato com a empresa que operava o sistema de pagamentos dos Correios, a fintech Berlin Finance, atualmente chamada BK Bank. Essa instituição venceu uma licitação em 2021, em plena onda de digitalização da estatal, e ficou responsável por gerenciar os pagamentos eletrônicos realizados via cartões e serviços digitais.

Porém, recentemente a fintech passou a ser alvo de investigações criminais. De acordo com a Polícia Federal e a Receita Federal, a empresa teria ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores organizações criminosas da América Latina. As investigações apontam que a fintech servia como peça de um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, movimentando bilhões de reais de forma não rastreável.


A Operação Carbono Oculto

As apurações fazem parte da Operação Carbono Oculto, deflagrada em 2024 e ainda em andamento. Segundo os investigadores, entre os anos de 2020 e 2024, foram identificados R$ 46 bilhões em movimentações suspeitas ligadas à fintech. Esses valores seriam utilizados pelo PCC em atividades de tráfico internacional, corrupção e financiamento de operações criminosas.

O BK Bank, por sua vez, nega as acusações e afirma estar colaborando com a Justiça. A defesa da empresa sustenta que todas as suas operações seguiram as regras do Banco Central e da Receita Federal. No entanto, a gravidade das suspeitas foi suficiente para que os Correios interrompessem imediatamente os serviços digitais vinculados ao sistema de pagamentos da fintech, como forma de se resguardar juridicamente.


Impactos diretos para trabalhadores e empresas

A decisão tem impacto direto no dia a dia de quem depende dos Correios. Microempreendedores individuais (MEIs), pequenos lojistas virtuais, autônomos e empresas de menor porte são os mais prejudicados, pois utilizam constantemente o sistema digital para organizar envios de mercadorias. Agora, precisam recorrer às agências físicas, onde filas são longas e os processos muito mais demorados.

Além do transtorno logístico, há também prejuízo financeiro. Muitos clientes utilizavam o cartão de crédito como forma de parcelar custos de envio ou de administrar o fluxo de caixa. Com essa opção suspensa, só resta o pagamento via Pix — que, embora seja prático, exige saldo imediato em conta, dificultando a vida de quem depende do parcelamento para manter o negócio em funcionamento.


O baque para os Correios

Os efeitos não atingem apenas os clientes. Os próprios Correios sofrem um duro golpe. Em meio a uma crise de receitas, perda de espaço para empresas privadas e críticas à sua gestão, a estatal perde uma das principais formas de arrecadação de recursos: os pagamentos digitais com cartão. Isso reduz a entrada de dinheiro em um momento em que a companhia mais precisa de liquidez para se reestruturar e enfrentar a concorrência.

Para uma empresa que sempre foi estratégica na integração nacional, essa limitação reforça a imagem de que os Correios estão andando para trás, voltando a depender de processos presenciais que contrastam com a necessidade de digitalização e modernização do mercado logístico.


Observações necessárias

Essa situação deixa claro que os Correios vivem uma crise profunda e precisam urgentemente de entrada de recursos para sobreviver. Ao mesmo tempo, veem-se obrigados a suspender uma das formas mais populares de pagamento, o que só aumenta a fragilidade financeira da estatal.

Outro ponto importante é o contexto político. Quando o governo federal tentou implementar medidas de fiscalização mais rigorosas sobre movimentações financeiras suspeitas, setores da direita barraram o processo. A estratégia usada foi espalhar fake news de que o governo queria “taxar o Pix”. Essa narrativa enganosa acabou enfraquecendo a fiscalização e, na prática, abriu caminho para que esquemas como o que envolve o BK Bank pudessem prosperar sem o devido controle.

O resultado aparece agora: um problema de segurança financeira se transformou em crise para uma empresa pública fundamental.


Conclusão

A suspensão dos pagamentos com cartão e dos serviços digitais não é apenas um detalhe técnico ou administrativo. Ela simboliza os desafios enfrentados por uma estatal estratégica, que sofre com a concorrência privada, a pressão política e a falta de modernização.

No meio disso, quem paga a conta são os trabalhadores, empreendedores e clientes que dependem dos Correios no dia a dia. E, mais uma vez, fica evidente que a mistura de má gestão, omissão política e desinformação produz consequências reais para a população brasileira.


✍️ Por Junior Solid

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