Plano de crédito de R$ 20 bilhões e reestruturação são debatidos em encontro com federações e sindicatos
A reunião que colocou a realidade na mesa
Nesta semana, representantes das federações e sindicatos dos trabalhadores dos Correios se reuniram com o presidente da ECT e o Diretor de Recursos Humanos, em um encontro considerado fundamental para entender a atual situação da empresa e os caminhos para sua recuperação.
O encontro seguiu uma dinâmica de diálogo aberto: primeiro falaram os representantes das entidades sindicais, depois o presidente apresentou um panorama detalhado das finanças e dos desafios enfrentados pelos Correios.
De início, o Diretor de Recursos Humanos fez uma saudação e passou a palavra ao assessor Fagner, que explicou que cada federação teria sua fala antes da intervenção do presidente e da apresentação dos sindicatos.
As falas das federações: defesa dos trabalhadores e da empresa pública
O secretário-geral da FENTECT, Emerson Marinho, iniciou ressaltando quatro pontos principais:
- a situação do Plano de Saúde e do aporte financeiro;
- a defesa dos empregados e da empresa pública;
- a urgência de fechar o acordo coletivo;
- e a importância de envolver os trabalhadores na reestruturação, pois são eles que conhecem o funcionamento real da ECT.
Na sequência, o representante da FINDECT, Gândara, reforçou a necessidade de participação ativa da base na reconstrução da empresa, defendendo que toda decisão estratégica envolva o olhar de quem está no dia a dia da operação.
Essas falas deixaram claro que há uma disposição das entidades em contribuir com o processo, mas também uma cobrança: não há como reerguer os Correios sem ouvir quem realmente os faz funcionar.
O retrato da crise: números, desafios e uma conta que não fecha
Ao iniciar sua fala, o presidente dos Correios foi direto: “encontrei uma empresa com as contas no limite e vivendo a maior crise de sua história”.
Ele detalhou que, ao assumir o cargo, a ECT acumulava prejuízo de R$ 4 bilhões apenas no primeiro semestre. As receitas estão em queda, enquanto os custos fixos permanecem altos. O índice de entregas, que era de 97% no início do ano, despencou para 75% após a crise de maio, gerando perda de contratos e clientes estratégicos.
A situação é tão grave que a projeção é encerrar o ano com déficit acima de R$ 10 bilhões, podendo chegar a R$ 20 bilhões em 2026 se nada for feito.
Mesmo assim, o presidente demonstrou confiança em um plano de recuperação, baseado em um crédito de R$ 20 bilhões, estruturado em etapas — R$ 10 bilhões ainda neste ano e mais R$ 10 bilhões no próximo.
O crédito como saída realista: entre o necessário e o possível
Segundo o presidente, o plano de crédito está sendo negociado com bancos públicos e privados, com garantia do Tesouro Nacional e dos recebíveis da ECT.
Ele explicou que nenhum banco emprestaria à empresa hoje sem uma projeção clara de recuperação. Por isso, o crédito vem atrelado a um plano de reorganização, que busca dar fôlego imediato à operação.
O objetivo inicial é pagar dívidas urgentes, como as com a Postal Saúde, Postalis, folha de pagamento e fornecedores, evitando o colapso das atividades.
Aqui entra o ponto de análise: muitos trabalhadores questionam por que o governo não injeta diretamente os R$ 20 bilhões nos Correios, mas essa opção, embora tentadora, é politicamente inviável.
Como bem se observa, se com o empréstimo — em que o Tesouro apenas garante o pagamento — já há barulho da direita, imagine se o governo liberasse o valor direto como aporte. Seria mais combustível para a narrativa privatista e antiempresa pública, tão usada nos últimos anos.
Portanto, a via do empréstimo é a mais racional e viável. O importante é garantir que os recursos sejam aplicados com transparência, voltados para manter o emprego, a operação e a saúde financeira da empresa.
O papel dos trabalhadores e o alerta sobre a precarização
Outro ponto marcante da fala presidencial foi a menção à uberização do transporte de mercadorias e ao dumping econômico — práticas que desregulam o mercado e prejudicam empresas públicas.
Ele lembrou que a universalização postal é um princípio social, que garante igualdade entre todos os cidadãos, independentemente de onde vivam.
Enquanto empresas privadas escolhem atuar apenas onde há lucro, os Correios estão em cada canto do Brasil, do Amapá ao interior do Rio Grande do Sul.
Essa é a função pública essencial que deve ser defendida pelos sindicatos e pelo próprio governo, pois representa soberania, inclusão e serviço ao povo.
PDV, concursos e eficiência: ajustes sem perder a alma da empresa
O presidente também abordou temas internos sensíveis:
- não há previsão imediata de concurso público, por falta de condições financeiras;
- o PDV ainda está em análise, mas qualquer ajuste de pessoal precisa ser acompanhado de reorganização produtiva;
- tecnologia e roteirização são vistas como caminhos para aumentar a eficiência sem sobrecarregar os empregados.
Sua frase foi clara e correta:
“Não podemos reduzir o quadro de trabalhadores que carregam caixas sem reorganizar o processo produtivo.”
Essa observação reforça um ponto histórico defendido pelo movimento sindical: não é possível resolver a crise sacrificando os trabalhadores. A solução passa por gestão eficiente, investimento e valorização do quadro próprio.
A visão sindical e o caminho possível
Analisando o conjunto da reunião, fica evidente que há um diagnóstico comum entre a direção e as entidades:
- A empresa vive uma crise estrutural e financeira;
- Sem crédito, não há fôlego para pagar dívidas nem investir;
- Sem unidade, não haverá reerguimento sustentável.
Como observamos, a recuperação dos Correios não virá de mágica, mas de planejamento e trabalho coletivo.
O crédito de R$ 20 bilhões é uma porta de entrada, não uma solução definitiva. Será preciso acompanhamento sindical rigoroso, transparência e compromisso com o público.
Ainda assim, é o caminho certo. A empresa precisa se reerguer, e o governo precisa demonstrar que acredita no papel social dos Correios. E, como bem colocado, não adianta esperar um repasse direto do governo, pois isso só alimentaria o discurso daqueles que sempre quiseram privatizar. O empréstimo garantido pelo Tesouro é a forma possível e responsável de salvar a empresa pública sem ceder à pressão política.
Realismo, União e Fé na reconstrução
A reunião com os sindicatos mostrou algo raro: um presidente dos Correios disposto a dialogar com a base e expor a verdade sem maquiagem.
A crise é real, o risco é grande, mas existe um plano, e ele faz sentido.
Com união entre trabalhadores, federações e direção, os Correios podem reencontrar o caminho da estabilidade. Afinal, esta não é apenas uma empresa — é um símbolo nacional de integração, cidadania e serviço público.
“Teremos dificuldades, mas precisamos chegar juntos ao final desse processo.” — disse o presidente.
E é justamente isso que deve guiar o movimento sindical e cada trabalhador: seguir juntos, com firmeza e esperança, até que os Correios voltem a ser motivo de orgulho nacional.
✍️ Por Junior Solid
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