Contrapartida a empréstimo de R$ 20 bilhões de bancos públicos e privados, plano inclui mudanças no Postal Saúde, revisão de agências, PDV e fundo imobiliário; categoria precisa ser ouvida.
Contexto da reestruturação
Os Correios estão implementando um plano de reestruturação estratégica como contrapartida a um empréstimo de cerca de R$ 20 bilhões, negociado com Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e bancos privados. O objetivo declarado da empresa é reduzir custos, aumentar a liquidez e gerar novas fontes de receita.
Entretanto, essa reestruturação impacta diretamente os trabalhadores e aposentados, exigindo atenção crítica à defesa dos direitos históricos e à participação da categoria nas decisões.
Mudanças no Postal Saúde
O Postal Saúde, plano de saúde dos funcionários dos Correios, é o ponto central da reestruturação. Atualmente, cerca de 25% dos beneficiários têm 59 anos ou mais, o que gera elevado risco financeiro para a estatal.
Estão sendo discutidas três propostas:
- Manter o modelo atual (autogestão)
- Vantagem: controle e transparência, vínculo direto com a categoria.
- Risco: elevado custo e passivo financeiro acumulado.
- Credenciar uma operadora privada
- Vantagem: redução de riscos financeiros para a empresa.
- Risco: perda de controle pelos trabalhadores, possíveis exclusões e aumento de custo ao longo do tempo.
- Auxílio-saúde mensal
- Vantagem: simplificação administrativa.
- Risco: fim do direito coletivo, aposentados e dependentes podem ficar desassistidos.
É essencial que as federações não decidam sozinhas. Nenhuma mudança deve ocorrer sem consulta direta e transparente aos trabalhadores, evitando decisões tendenciosas ou manipuladas.
Revisão da rede de agências
A empresa planeja reavaliar cerca de 10 mil postos de atendimento, já que apenas 15% geram receita superior ao custo. Medidas incluem:
- Fechamento ou venda de unidades pouco rentáveis;
- Fusão de agências próximas;
- Otimização de operações para reduzir gastos.
Essas ações podem afetar a acessibilidade dos serviços à população, sobretudo em cidades pequenas.
Programa de Demissão Voluntária (PDV)
Um novo PDV será lançado, com foco em áreas com ociosidade operacional. Embora voluntário, o PDV pode gerar sobrecarga nos setores que permanecerem com menos funcionários. É crucial que a categoria esteja atenta e participe da negociação para minimizar impactos.
Fundo imobiliário e Postalis
Os Correios também planejam:
- Criar junto com a Caixa, um fundo imobiliário com imóveis próprios, vendendo ou alugando de volta (leasing back) para gerar receita;
- Revisar os custos do Postalis, fundo de pensão dos funcionários, para aliviar a carga financeira da estatal.
Tais medidas devem ser conduzidas com transparência e responsabilidade, evitando prejudicar o futuro dos trabalhadores.
A voz dos trabalhadores
A reestruturação vai acontecer, mas é possível lutar para que não prejudique excessivamente a categoria. Os trabalhadores precisam ser ouvidos, pois são eles os maiores interessados na preservação do Postal Saúde, na proteção do Postalis e na manutenção de direitos históricos.
As federações FENTECT e FINDECT devem atuar como representantes, mas não podem decidir unilateralmente sem consulta direta à base, garantindo que as decisões não sejam tendenciosas nem manipuladoras.
Conclusão: É Inevitável
A reestruturação dos Correios é inevitável diante do cenário financeiro, mas a categoria pode defender seus direitos e reduzir prejuízos se houver:
- Transparência nas negociações;
- Participação direta dos trabalhadores;
- Acompanhamento crítico das medidas;
- Unidade entre empregados, aposentados e federações.
O momento exige atenção, mobilização e diálogo. O Postal Saúde e os direitos históricos da categoria devem ser prioridade.
✍️ Por Junior Solid
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