O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não existe qualquer discussão dentro do governo para privatizar os Correios. A fala veio após ele receber, segundo declarou, “muito recentemente” o quadro real da empresa, apresentado pela nova diretoria.
Haddad também reforçou que qualquer apoio do Tesouro Nacional dependerá de um plano de reestruturação consistente. Ou seja: o governo não quer vender a empresa — mas espera mudanças profundas no seu funcionamento.
Os Correios sempre existirão — a dúvida é quem vai continuar dentro deles
Os Correios fazem parte da costura histórica do Brasil. Estavam aqui muito antes de telefone, internet ou aplicativos, foram a mão que ligou o país por séculos, e continuarão sendo essenciais mesmo na era digital.
A estatal pode mudar de tamanho, de formato, de modelo — mas acabar, não acaba. País nenhum com território continental abre mão de seu operador postal público.
Por isso, o debate central não é sobre a existência dos Correios. É sobre a existência do trabalhador dos Correios dentro do novo modelo que será criado.
A reestruturação vem — e vai mexer com muita coisa
Quando o governo fala em “plano consistente”, a categoria sabe bem o que historicamente acompanha esse tipo de movimento:
- reorganização de agências e regiões;
- possível fechamento de unidades menos rentáveis;
- automação acelerada dos processos;
- mudança de funções e redistribuição de equipes;
- PDVs e enxugamento administrativo;
- intensificação de terceirização em setores estratégicos;
- revisão de imóveis e ativos;
- novos modelos de atendimento.
Essas mudanças, por si só, não significam privatização — e o ministro já deixou claro que esse não é o caminho. Mas significam impacto direto no dia a dia e na estabilidade dos atuais trabalhadores.
Em outras palavras: os Correios permanecem; o emprego atual, não necessariamente.
Por que o alerta é necessário agora
Quando uma autoridade declara que não haverá privatização, muitos relaxam. E é nesse momento de calmaria que a reestruturação costuma passar em silêncio, linha por linha.
A diferença entre manter a empresa pública e proteger o trabalhador é imensa. A luta pela estatal é uma. A luta por quem trabalha nela é outra.
E as duas precisam caminhar juntas para garantir:
- direitos preservados;
- condições dignas de trabalho;
- participação dos trabalhadores na construção do plano;
- transparência nas mudanças;
- compromisso com a universalização do serviço;
- respeito à história da categoria.
O momento exige mobilização, não medo
O discurso de Haddad alivia no que diz respeito à privatização, mas acende a luz amarela da reestruturação. A categoria precisa estar atenta, unida e participando ativamente deste processo.
A defesa dos Correios passa pela defesa do trabalhador. A empresa fica. Nós é que precisamos lutar para continuar dentro dela.

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