Prejuízo bilionário do USPS - por que mesmo assim vale manter um correio público

A reportagem do United States Postal Service (USPS) informa que, no ano fiscal encerrado em 30 de setembro de 2025, o serviço postal dos EUA registrou prejuízo líquido de US$ 9,0 bilhões  (R$ 48 bilhões)-  leve melhora frente aos US$ 9,5 bilhões do ano anterior. (Investing.com — 14/11/2025)

Mesmo assim, o USPS mantém cobertura ampla, estrutura nacional e função de serviço público universal. Isso mostra que, nos EUA, o correio público não é avaliado apenas como uma “empresa que deve dar lucro”, mas como infraestrutura essencial para garantir a coesão territorial, o acesso de todos os cidadãos, e a logística de Estado.


A relevância pública da estatal postal vista por quem defende os Correios no Brasil

No Brasil, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos desempenha papel estratégico bem acima de mero comércio. Conforme argumentado por Luís Nassif, existe obrigação constitucional de universalização do serviço postal, com atendimento em praticamente todos os municípios — papel que não deve ser avaliado apenas por balanços financeiros. (Jornal GGN — Luís Nassif)

O artigo “Onde os Correios param, o Brasil desaparece” reforça que a capilaridade da estatal — suas mil unidades de atendimento — não é luxo: é pacto de unidade nacional, meio de garantir que o Estado esteja presente de ponta a ponta no país, incluindo regiões remotas, rurais e periféricas. (Brasil247 — 24/11/2025)


Por que o exemplo do USPS reforça a defesa do serviço postal público no Brasil

  • A experiência americana demonstra que manter um serviço postal universal e abrangente é tarefa cara — com déficits bilionários — mas considerada estratégica e digna de ser mantida pelo Estado.
  • Isso desmonta narrativas de que “estatal sem lucro = deve ser privatizada” como única lógica possível — porque a missão é outra: inclusão territorial, acesso universal, função social e soberania logística.
  • No Brasil, onde há desigualdades regionais e grandes distâncias, os Correios cumprem o papel de “ponte nacional” — algo que empresas privadas dificilmente fariam com universalidade e tarifas justas.


A discussão exige profundidade - não superficialidade

O caso do USPS deveria servir como alerta: prejuízo contábil não é critério absoluto para julgar a relevância de um serviço público. Privatizar a estatal postal no Brasil com base apenas em déficits ignora obrigações constitucionais, o papel social da ECT, a capilaridade nacional e o valor simbólico/institucional da estatal.

Se o objetivo for eficiência ou lucro no curto prazo, talvez o modelo estatal não agrade a todos — mas se a meta for soberania, coesão nacional, inclusão e garantia de direitos, manter os Correios públicos é mais que justificável.

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