Os Correios estudam uma ampla reestruturação interna, segundo reportagem do Jornal de Brasília, que inclui mudanças em cargos, salários e jornadas de trabalho. A proposta visa “modernizar” a empresa e ampliar a entrega de encomendas, inclusive aos fins de semana. Mas, como toda mudança desse porte, ela levanta dúvidas e preocupações entre os trabalhadores.
O plano em debate
A empresa analisa transformar o atual plano de cargos e salários, considerado “engessado”, em um modelo mais “flexível”. Isso permitiria deslocar empregados entre setores com maior facilidade e aplicar jornadas diferenciadas — entre elas, o formato 12 horas de trabalho por 36 de descanso, já utilizado em outras estatais.
Além disso, o estudo prevê entregas aos sábados e domingos, o que ampliaria a presença dos Correios na concorrência com plataformas privadas. O discurso é o de “modernização e competitividade”. Na prática, o objetivo é reduzir custos e aumentar a produtividade.
Risco de precarização
O que preocupa a categoria é o impacto dessa reestruturação sobre as condições de trabalho. Um modelo de jornada 12×36 pode parecer vantajoso em um primeiro olhar, mas, em uma atividade fisicamente exaustiva como a dos carteiros e operadores de triagem, o desgaste tende a aumentar — especialmente se o ritmo de entregas crescer.
A proposta também fala em “mobilidade de funções”, o que pode abrir caminho para transferências forçadas ou redefinições de função sem diálogo. Isso pode gerar insegurança e comprometer direitos historicamente conquistados.
Justificativas da empresa
O Jornal de Brasília informa que a empresa tenta justificar as mudanças citando o aumento dos passivos trabalhistas e o prejuízo registrado em trimestres recentes. Somente nos últimos 12 meses, foram mais de 56 mil novas ações trabalhistas. No discurso empresarial, o problema estaria na “rigidez” das regras e não na gestão.
Mas o risco é que, ao “corrigir” o modelo, o trabalhador acabe pagando a conta — com jornadas ampliadas e menos garantias.
Negociação sindical é essencial
Outro ponto destacado pela matéria é que a empresa ainda estuda quais medidas dependeriam de negociação com os sindicatos. Ou seja, há intenção de aplicar mudanças sem necessariamente passar pelo diálogo coletivo. Isso é grave: qualquer alteração que mexa em jornada, salário ou função precisa ser debatida e aprovada com participação sindical.
Mais do que nunca, é hora das federações e sindicatos se mobilizarem, informarem a categoria e cobrarem transparência nas decisões. A defesa dos Correios públicos passa também pela defesa do trabalhador que os faz funcionar.
Experiências internacionais mostram o perigo
Em vários países onde correios públicos passaram por “reestruturações” semelhantes, o resultado foi o mesmo: precarização, queda na qualidade dos serviços e avanço da privatização parcial. Na Inglaterra, por exemplo, a Royal Mail reduziu garantias trabalhistas em nome da eficiência — e hoje enfrenta greves recorrentes e perda de credibilidade.
O alerta é claro: mudanças internas podem ser o primeiro passo de um projeto de privatização disfarçado de modernização.
Conclusão
Os trabalhadores dos Correios sabem o que é carregar a empresa nas costas — faça chuva ou sol. Reestruturar pode ser necessário, mas sem respeito à categoria, nenhuma mudança é sustentável. O que está em jogo não é apenas a forma de trabalhar, mas a própria identidade pública e social dos Correios.
E como sempre diz o carteiro experiente:
“Se é pra entregar domingo, que tragam o café, o adicional e o reconhecimento junto!”
✍️ Por Junior Solid
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