Universalização e dever público: por que apenas os Correios chegam onde ninguém quer chegar

Se existe algo que separa o Brasil real do “Brasil de mercado”, é a presença dos Correios. Enquanto o setor privado escolhe onde atuar, mirando lucro e risco, os Correios cumprem um dever que nasce da Constituição e de uma história que não se improvisa: universalizar, garantir continuidade e servir ao interesse público.

No fundo, é simples: o país funciona porque os Correios chegam. E chegam onde ninguém quer ir.


Obrigações constitucionais: aquilo que o mercado não assume

Como lembra Luis Nassif  (ótimo texto) , há três pilares que sustentam o papel público dos Correios — pilares que nenhuma empresa privada tem obrigação (ou vontade) de seguir:

1. Universalização

Os Correios devem atender todo cidadão brasileiro, independente de localização, renda, segurança ou lucratividade. É o Estado dizendo: “você existe e tem direito ao serviço”.

2. Continuidade

Não pode parar. Mesmo em crise, pandemia, enchente, retração econômica ou qualquer cenário extremo, os Correios têm compromisso de garantir rota, fluxo e entrega. É o serviço mais regular da história do Brasil.

3. Interesse público

Os Correios servem ao país, não ao lucro. Isso significa transportar documentos oficiais, processos jurídicos, provas, medicamentos, vacinas, materiais emergenciais, urnas eleitorais — tudo aquilo que o Estado precisa que chegue.

Essas três missões explicam por que privatização nunca combinou com integração nacional. O mercado busca retorno financeiro; o Brasil busca presença pública.


Onde o mercado foge, os Correios entram

Se dependesse apenas de transportadoras privadas, milhões de brasileiros estariam completamente isolados. Não é exagero — é realidade.

Regiões ribeirinhas da Amazônia

Comunidades que só podem ser acessadas por barco, enfrentando dias de viagem. Ali, só os Correios chegam.

Sertão profundo

Localidades que não aparecem em mapas comerciais. Ali, só os Correios chegam.

Áreas rurais remotas

Estradas que viram lama, poeira ou simplesmente deixam de existir. Ali, só os Correios chegam.

Periferias violentas

Onde empresas privadas recusam entrega por “risco”. Ali, só os Correios chegam.

Comunidades isoladas

Serras, vales, quilombos, aldeias — Brasil profundo. Ali, só os Correios chegam.

É quase poético, se não fosse tão concreto: onde há um brasileiro, há um carteiro.


Pergunta que o leitor precisa encarar

Se os Correios desaparecessem amanhã, quem entregaria remédios, vacinas, documentos oficiais, livros didáticos e provas do ENEM em lugares onde nem o sinal de celular chega?

A resposta é rápida e direta — igual ao humor das antigas: ninguém.


Brasil real x Brasil de mercado

O mercado olha para o mapa e vê lucro. Os Correios olham e veem povo.

É por isso que falar em privatização parece moderno, mas é, no fundo, um retorno ao Brasil pré-integrado, quebrado em pedaços, onde só quem vive em área rentável tem direitos.

Os Correios não são apenas uma empresa: são a espinha dorsal que une um país contraditório, difícil, desigual — mas profundamente vivo.

E como diria qualquer brasileiro que assistiu o país crescer nos anos 80, quando instituição ainda significava compromisso: tem serviço público que não só funciona — ele sustenta a nação.

Sem Correios públicos, milhões ficam invisíveis. Com Correios públicos, o Brasil continua sendo Brasil.


Defender os Correios é defender o Brasil real.

Defender os Correios não é nostalgia, é responsabilidade histórica. É garantir que o Estado continue chegando onde o mercado não chega, onde a geografia exige coragem e onde o lucro não enxerga valor.

Um país sem Correios públicos é um país amputado. E país amputado não caminha para frente.


✍️ Por Junior Solid

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