A direção dos Correios tenta vender a narrativa de que está “dialogando” e “buscando equilíbrio”, mas o documento enviado pela própria empresa ao TST — junto com a postura na mesa — mostra outra realidade: a ECT entrou em modo de imposição, e não de negociação.
Ao acionar o Tribunal Superior do Trabalho antes mesmo de encerrar a mesa com FENTECT e FINDECT, a empresa tenta transformar uma ruptura provocada por ela mesma em um discurso de responsabilidade institucional. Faz parecer que está “salvando a negociação”, quando na prática está fugindo do enfrentamento direto com os trabalhadores.
O verdadeiro motivo da ida ao TST: cortes e retrocessos
O que os Correios chamam de “sustentabilidade econômico-financeira” já está explícito no pedido de mediação: trata-se de um pacote de cortes de direitos, redução de custos às custas dos empregados e flexibilizações profundas nas rotinas operacionais.
Entre as mudanças que a empresa reconhece querer impor no ACT 2025/2026 estão:
- alteração da distribuição domiciliária;
- redimensionamento de carga;
- mudanças no VA/VR;
- intervenções no Postal Saúde;
- alteração no registro de ponto;
- retirada de liberação sindical para conselhos;
- eliminação da gratificação de férias além da lei;
- e a inserção da jornada 12x36, extremamente desgastante para quem está na ponta.
Nenhuma dessas medidas foi construída a partir da realidade de quem trabalha nos Correios. Todas miram a redução de despesas e abrem caminho para o Plano de Reestruturação que a direção quer acelerar — sempre com impacto direto na vida da categoria.
A narrativa contra os sindicatos: conveniente e distorcida
A empresa afirma que “as federações se retiraram da mesa”. Mas omite que a proposta apresentada no dia 09/12 era tão desequilibrada que inviabilizava qualquer negociação real. A recusa em assinar a ata não foi ruptura irresponsável: foi uma reação legítima a uma manobra patronal para tentar legitimar retrocessos na canetada.
Ou seja: a empresa cria o impasse e, logo depois, corre ao TST para posar de mediadora responsável.
O pedido de urgência ao TST: pressão para aceitar menos
Ao solicitar urgência ao Tribunal Superior do Trabalho, os Correios tentam:
- pressionar sindicatos;
- criar ambiente de medo em torno do dissídio coletivo;
- acelerar mudanças unilaterais;
- e reduzir o espaço de debate com a categoria.
É a estratégia clássica: empurrar o trabalhador para a defensiva para que aceite menos.
O “diálogo responsável” esconde um ataque direto aos direitos
A ida dos Correios ao TST, combinada com o pacote de cortes no ACT 2025/2026, deve ser compreendida pelo que realmente é: um ataque cirúrgico aos direitos históricos da categoria, envolto em marketing institucional e discurso de responsabilidade.
Negociação verdadeira não se faz com manobra jurídica. Faz-se com respeito, transparência e disposição real para ouvir quem sustenta a empresa todos os dias: os trabalhadores dos Correios.

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