Uma reflexão necessária para o presente — e decisiva para o futuro
A luta dos sindicatos hoje passa, antes de tudo, pela reconquista da confiança da classe trabalhadora. Aquela confiança forte, coletiva, construída nos anos 80/90, quando havia mais consciência política, mais senso de pertencimento e, sobretudo, a clareza de que ninguém conquista nada sozinho.
Naquele período, a classe não era o Emerson, o Elias ou a Amanda de forma isolada.
A classe era a união de todos. Era o “nós” acima do “eu”. E esse “nós” fez história.
Hoje, infelizmente, o cenário é outro.
O individualismo avançou, ocupando o espaço da solidariedade. Cada trabalhador passou a olhar apenas para sua sobrevivência imediata, como se os direitos conquistados fossem eternos e garantidos para sempre. Esquece-se que direito que não se defende, se perde.
Esse esvaziamento da consciência coletiva fica evidente nas greves atuais. Em muitas paralisações, meia dúzia vai às ruas enquanto o restante permanece em casa, como se estivesse de licença ou férias. Mas greve sem participação coletiva perde sua força. Paralisação só faz sentido quando é coletiva.
Os direitos não caíram do céu
Foi nos anos 80/90 que a maior parte dos direitos e benefícios trabalhistas foi conquistada. E não foi fácil. Houve luta, suor, repressão, perseguições e muitas demissões. Nada veio de graça. Cada avanço foi arrancado com organização e coragem.
O que preocupa é perceber que, hoje, parte da classe trabalhadora, por falta de organização ou consciência política, está abrindo mão dessas conquistas históricas, permitindo que direitos duramente conquistados sejam desmontados pouco a pouco, quase sem resistência.
Não é nostalgia. É necessidade.
Resgatar o espírito de classe, fortalecer os sindicatos e reconstruir a confiança coletiva não é viver do passado. É entender o presente para garantir o futuro.
A história é clara e implacável:
quando a classe se divide, ela enfraquece;
quando se une, transforma a própria história.
E a luta, como sempre foi, segue sendo coletiva — ou não será.
✍️ Por Junior Solid
Co-autor: Alcyr Baia
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