Desde sua ascensão à Presidência da República, Jair Bolsonaro passou a plantar a semente de desconfiança no sistema eleitoral brasileiro, mesmo tendo sido eleito e empossado pelo mesmo sistema.
Qual o objetivo de plantar tal semente? Poder mobilizar seus apoiadores para que, caso ele não conseguisse ser reeleito, tivesse a possibilidade de dar um golpe de Estado e ser bem-sucedido. Foram quatro anos de duros ataques ao TSE e ao STF. Mesmo tendo êxito nas eleições municipais em vários municípios do país, ele pregava que o sistema era falho, não podia ser auditável e que era necessário aprovar o voto impresso.
Qual a importância do voto impresso para o sistema coronelista?
Com o voto impresso, assim como com o uso do celular na seção de votação, fica mais fácil o controle da compra de votos. Ou seja, o eleitor(a) que vendeu o voto precisa provar que votou em tal candidato, e isso só é possível se filmar a hora da votação ou se tiver a oportunidade de tirar uma cópia do voto impresso. Esse mecanismo reforça práticas de controle típicas do coronelismo, baseadas em coerção e vigilância do eleitor.
Como não seria possível aprovar tais coisas nem vídeo na hora da votação, nem voto impresso, o jeito foi desacreditar o sistema eleitoral. Isso ficou evidente no episódio envolvendo Carla Zambelli e o seu hacker, em que tentaram criar uma narrativa de fragilidade técnica das urnas, não tiveram êxito e acabaram presos.
O negócio era então mentir dia após dia até chegar o resultado das urnas. Caso Bolsonaro tivesse sido eleito, será que ele abriria um processo de auditoria das urnas, ou simplesmente continuaria no Planalto? Claro que só continuaria no Planalto, afinal, esse era o objetivo. Como não foi reeleito, o jeito foi apelar para o golpe militar.
E como seria o golpe?
O plano era relativamente simples: manter o povo à frente dos quartéis e aproveitar o momento certo para avançar até o Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados e o STF, ocupando tudo. As forças policiais do DF não iriam interferir, e o presidente da República, por estar fora do Planalto, teria que exigir a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que colocaria as Forças Armadas em atuação direta na segurança pública. A intenção era usar essa brecha para ampliar a influência militar no controle da situação. Mas Jair não contava com a astúcia do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do presidente Lula, que imediatamente exigiram respostas do governo do DF, junto à responsabilização dos envolvidos, o que foi feito rapidamente.
Se as estratégias tivessem dado certo, estaríamos vivendo uma ditadura militar, e nosso povo sofrendo as duras consequências, com inflação nas alturas, desemprego em alta e custo de vida sem condições de ser vivido.
Dito isso, posso afirmar que a prisão de Jair Bolsonaro foi um acerto muito grande e um fortalecimento do sistema democrático brasileiro. O STF tem realmente cumprido seu papel de guardião da Constituição e, com essas ações, afirmado que o processo democrático deve ser mantido e fortalecido a cada dia. A democracia ainda é o melhor regime que podemos ter, e o presidencialismo o melhor sistema para administrar o Estado brasileiro.
Por outro lado, as prisões dos líderes golpistas reforçam que ninguém está acima da Justiça. Mostram que tentativas de golpe, ataques às instituições e abusos de poder têm consequências. Isso fortalece o Estado de Direito, desestimula futuros líderes autoritários e consolida a democracia.

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