Ribamar Passos: Por que a direção dos sindicatos dos trabalhadores dos Correios não queria votar a GREVE ?

Foi muito estranha a posição da direção do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo em não querer colocar em votação a proposta de greve na assembleia de 16/12/25. Foram mais de 120 dias aguardando uma resposta da empresa e uma posição do sindicato, que durante todo esse período não convocou nenhuma assembleia, nem mesmo para aprovar a pauta de reivindicações da categoria. Não chamou sequer uma reunião de ativistas ou delegados sindicais para organizar a categoria, nem realizou reuniões setoriais para informar que rumo tomavam as negociações.

Chegamos à primeira assembleia em 02/12/25 sem nenhuma proposta da empresa. Na assembleia seguinte, a direção do sindicato tenta, por meio de manobras, jogar a assembleia para a semana seguinte. Mas a categoria, cansada de tantos ataques por parte do governo anterior e que, quando chega o governo Lula, recupera parte das perdas, se depara novamente com uma proposta de retirada de direitos. Aí não dá. E o sindicato, ao invés de ficar ao lado da categoria, fica do lado oposto, como se tivesse algum interesse maior do que defender os interesses de seus associados.

Neste momento, a categoria se insurge contra a direção e faz com que a proposta de greve seja votada. Por ampla maioria, é aprovada a GREVE POR TEMPO INDETERMINADO.


A PRESSÃO DA OPOSIÇÃO FOI FUNDAMENTAL.

A ULB esteve presente com sua militância, que, junto com outros grupos, fez pressão até que a direção resolvesse ceder aos anseios da categoria. Sem a pressão realizada, seria impossível aprovar a greve, pois esta direção do nosso sindicato tem vacilado há vários anos e permitido que a categoria ficasse no prejuízo, com a perda de benefícios importantes, como o nosso plano de saúde.


A HORA É DE ORGANIZAR O COMANDO E AS ASSEMBLEIAS PERMANENTES.

Após a aprovação da greve, um dos passos importantes para o fortalecimento da luta é a organização do comando de greve, pelas regiões, e de um comando central, onde poderemos fazer avaliações de como está a greve em cada local de trabalho, onde é preciso fortalecer os piquetes e, principalmente, incentivar a companheirada a continuar firme na luta.

Precisamos também ter uma sequência de assembleias, para que os trabalhadores possam receber informações sobre como andam outros estados e como está cada região.


FORAM MAIS DE 4 MESES SENDO ENROLADOS PELA DIREÇÃO DOS CORREIOS E PELO SINDICATO.

Foram mais de 4 meses esperando um aumento real de salário. Nesse período, o sindicato não convocou uma assembleia sequer, e a direção da empresa também não se manifestou em nada. Sabemos das dificuldades que a empresa enfrenta, mas a culpa não é dos trabalhadores e trabalhadoras. A culpa é dos maus administradores indicados para comandar a empresa.


A EMPRESA SEMPRE DEU LUCRO.

Os Correios sempre foram superavitários. Para se ter uma ideia, a empresa teve um período de lucratividade de 16 anos, entre 2001 e 2020, acumulando R$ 12,4 bilhões de resultado positivo. Todo esse dinheiro foi repassado para os cofres do governo. Agora é a hora da contrapartida. Por isso dizemos que a saída para a crise é o governo devolver o que é nosso.

O governo Lula prometeu tirar os Correios da lista de privatizações e realmente cumpriu essa promessa.
Mas só isso não basta.

Diante da falta de proposta da direção dos Correios, é preciso que o governo LULA assuma diretamente a responsabilidade das negociações com os trabalhadores, por meio dos ministérios competentes. É preciso devolver aos cofres da empresa o que foi repassado em anos anteriores, não como empréstimo, mas como aporte financeiro.


Foto de Ribamar Passos

✍️ Por RIBAMAR PASSOS
- Carteiro há 28 anos, atualmente lotado no CDD Ferraz de Vasconcelos SP.
- Foi Secretário Geral da Sintect-SP por 2 mandatos.
- Pastor na Assembleia de Deus Ministério de Madureira em Suzano - SP.
- Dirigente da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
- Presidente do Partido Socialismo e Liberdade em Ferraz de Vasconcelos.

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