A mediação realizada hoje (11/12) entre as Federações e os Correios, presidida pelo vice-presidente do TST, ministro Caputo Bastos, deixou claro duas coisas: a resistência dos trabalhadores freou parte dos retrocessos, mas a direção da ECT segue sem apresentar proposta econômica minimamente aceitável.
📌 O que a empresa disse
A reunião começou com a DIGEP, representada por Natália, repetindo o discurso de crise financeira. Segundo ela:
- Os Correios teriam 19 rodadas de negociação e acordo em 70 cláusulas;
- Restariam 9 cláusulas com divergências, todas econômicas;
- A empresa “reconhece o esforço dos trabalhadores”, mas diz que não tem como manter:
– os 70% das férias;
– e o ticket extra.
Além disso, repetiu a narrativa de que uma recomposição inflacionária custaria R$ 1 bilhão — um número claramente inflado e usado para justificar congelamento salarial.
E reforçou que os Correios teriam déficit diário de R$ 24 milhões, pintando um cenário em que “não há dinheiro para nada”.
Mas o ponto principal é:
👉 A empresa não apresentou nenhuma proposta econômica. Nenhuma.
Nenhum reajuste. Nenhuma reposição da inflação. Nenhuma valorização da categoria.
O que os trabalhadores responderam
Pela FENTECT, Emerson Marinho destacou:
- A disposição da categoria em negociar, inclusive com a prorrogação do ACT;
- O impasse criado pela empresa, que insiste em retirar direitos e não dá reajuste;
- A situação crítica do Plano de Saúde, com mensalidades altas e dificuldades de atendimento;
- A sobrecarga nas unidades;
- E a proposta dos trabalhadores: reedição integral do ACT, com recomposição inflacionária.
Gandara da Findect reforçou a fala e lembrou que a categoria vem sendo massacrada pela mídia, sempre alimentando o discurso da privatização.
Depois, o diretor da FENTECT, Rogério Ubine, fez um ponto fundamental: os trabalhadores não são culpados pela crise criada pelo próprio governo.
Ele explicou:
- O governo retirou dividendos dos Correios;
- A portaria de Haddad provocou queda de R$ 4 bilhões na receita;
- A universalização postal custa R$ 5 bilhões, responsabilidade do Estado;
- Somando só esses dois pontos, são R$ 9 bilhões que não podem ser jogados nas costas do trabalhador.
E foi direto:
👉 Reequilibrar a empresa não pode significar fazer o trabalhador pagar a conta.
👉 Quem gerou o problema, que faça o aporte necessário.
O que o TST propôs
O ministro Caputo fez três movimentos importantes:
- Propôs prorrogar o ACT para continuar a negociação;
- A entrega matutina foi mantida, acabando com a tentativa da empresa de eliminar essa cláusula;
- A empresa retirou a proposta de impor a escala 12x36 para todos. Agora, diz que fará consulta individual — uma clara tentativa de fragmentar a categoria.
A proposta oficial da empresa
A ECT quer:
- Prorrogar o ACT até 28/02/2026;
- Sem ticket extra;
- Sem garantia de reposição da inflação;
- Sem reajuste salarial.
É, na prática, um congelamento total dos salários, benefícios e direitos econômicos.
Posicionamento das Federações
As Federações foram firmes:
👉 Não há como aceitar essa proposta.
👉 A categoria decide no dia 16/12, em assembleias por todo o país.
👉 E reforçaram: só com unidade e mobilização será possível barrar as perdas.
O que fica claro após a mediação
A pressão da categoria derrubou dois ataques graves:
- a retirada da entrega matutina;
- a imposição coletiva da 12x36.
Mas os Correios mantêm uma postura inaceitável, sem apresentar proposta econômica e insistindo em empurrar a crise para os trabalhadores.
O TST sinaliza que quer acordo, mas só haverá avanço real se houver mobilização forte até o dia 16.
Está acontecendo nesse momento uma reunião que começou as 16h e até as 21h não se tinha acabado, mas novidades, o blog passará as informações.
✍️ Por Junior Solid
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