TST reconhece legalidade da greve dos Correios, mantém direitos do ACT e impõe desconto parcelado dos dias parados

A Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, por unanimidade, que a greve dos trabalhadores dos Correios não foi abusiva, reconhecendo a legitimidade da mobilização da categoria diante do impasse nas negociações com a empresa. O julgamento ocorreu em sessão extraordinária nesta terça-feira (30/12), após cinco meses de tentativas frustradas de acordo.

Apesar do reconhecimento da legalidade da greve, o TST determinou o desconto dos dias parados, com possibilidade de parcelamento em três vezes ou reposição dos dias, a critério da gestão da empresa — ponto que gera críticas do movimento sindical, já que a paralisação foi consequência direta da postura intransigente da ECT e da ausência de proposta econômica aceitável.


Greve legítima após esgotamento das negociações

Os Correios solicitaram que a greve fosse considerada abusiva, alegando que o movimento teria sido deflagrado antes do encerramento das negociações. No entanto, a relatora do processo, ministra Kátia Magalhães Arruda, destacou que houve diversas reuniões entre julho e dezembro, incluindo mediações no próprio TST, e que a greve só foi ampliada após a rejeição, em assembleias, da proposta construída na reclamação pré-processual.

A paralisação teve início em 16 de dezembro, de forma localizada, e foi oficialmente deflagrada em 23 de dezembro, após a categoria avaliar que não havia avanço real nas tratativas. Para o TST, ficou comprovado que os sindicatos buscaram negociar e que a greve foi um instrumento legítimo de pressão.

Durante o julgamento, inclusive, foi reconhecida a força da mobilização, com destaque para o elevado número de trabalhadores paralisados em São Paulo, fator que preocupou a direção da empresa e demonstrou o peso da organização sindical.


Direitos preservados graças à mobilização

A decisão do TST manteve a maior parte das cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2025, com ajustes pontuais, garantindo conquistas históricas da categoria. A sentença normativa terá vigência de 1º de agosto de 2025 a 31 de julho de 2026 e se aplica a todos os trabalhadores dos Correios, tenham ou não aderido à greve.

Entre os principais pontos assegurados estão:

  • Reajuste salarial de 5,1%, aplicado aos salários e benefícios
  • Reajuste estendido ao vale-alimentação/refeição, vale-cesta, auxílio-dependente e reembolso-creche
  • Pagamento retroativo à data-base (1º de agosto)
  • Manutenção do adicional de 70% nas férias
  • Pagamento de 200% para trabalho em dias de repouso
  • Cláusula que assegura jornada especial reduzida para mulheres com filho ou dependente com deficiência, sem redução salarial e sem compensação de horário

A data-base da categoria permanece em 1º de agosto, afastando qualquer tentativa de alteração nesse direito histórico.


Desconto dos dias de greve gera críticas

Apesar do reconhecimento da legalidade da greve, o TST autorizou o desconto dos dias parados, ainda que de forma parcelada. Do ponto de vista dos trabalhadores, esse ponto evidencia uma contradição: a greve só ocorreu porque a empresa e o governo recusaram o diálogo, rejeitaram a proposta construída no próprio TST e empurraram a categoria para o julgamento.

A crítica fica registrada: se houve tentativa real de negociação por parte dos sindicatos e se a greve foi considerada legítima, o ônus não pode recair exclusivamente sobre os trabalhadores.


Divergência tentou impor proposta da empresa

Houve divergência no julgamento. A ministra Maria Cristina Peduzzi votou pela manutenção integral da proposta apresentada pelos Correios, argumentando que a estatal enfrenta uma “alarmante situação econômico-financeira”. Esse entendimento foi acompanhado pelo ministro Ives Gandra Martins Filho, mas ficou vencido.

A maioria do colegiado seguiu o voto da relatora, reforçando o papel do TST na mediação dos conflitos coletivos e no equilíbrio entre capital e trabalho.


Luta que faz diferença

O julgamento confirma uma lição histórica da categoria: direitos não caem do céu, são fruto de luta e mobilização. A greve foi decisiva para barrar retrocessos, preservar cláusulas do ACT e garantir reajuste e benefícios.

A mobilização em São Paulo teve papel central e foi reconhecida no próprio julgamento. Quando a categoria se organiza, a empresa sente. Quando São Paulo se levanta, a luta ganha outra dimensão.

Agora, o desafio é manter a organização, fortalecer as assembleias e iniciar, desde já, a construção da próxima campanha salarial, com unidade, consciência e disposição de luta.


✍️ Por Junior Solid

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